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Mulher de Fernandinho Beira-Mar faz acordo de delação para devolver R$ 395 mil

Da redação com G1
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Jacqueline, mulher de Fernandinho Beira Mar - Foto: Reprodução/Justiça Federal
Jacqueline, mulher de Fernandinho Beira Mar – Foto: Reprodução/Justiça Federal

A esposa do traficante Fernandinho Beira-Mar, Jacqueline Moraes da Costa, acordou com o Tribunal Regional Federal da 1ª Região e Ministério Público Federal (MPF) que vai vender dois terrenos de propriedade de Beira-Mar e mais 13 casas que estão no nome dela. O dinheiro que será obtido nas vendas, R$ 395 mil, será depositado à União em 2018.

O acordo de venda faz parte de uma delação premiada acordada neste mês de dezembro, em Porto Velho, para que Jacqueline responda o processo de associação criminosa em liberdade.

Nesta terça-feira (19), o G1 teve acesso a uma gravação da Justiça Federal em que Jacqueline revela o motivo de se desfazer dos bens que foram repassados para ela através do Beira-Mar.

Ao juiz federal substituto Nelson Liu Pitanga, Jacqueline disse que recebeu os imóveis do marido após o traficante “brigar” com um homem conhecido como Periquito. “Ele pegou algumas casas e me repassou e eu passei a viver com esse rendimento”, conta.

De acordo com Jacqueline, que é acusada de fazer parte da organização criminosa, mesmo preso o marido perguntava sobre esses empreendimentos, já que as casas que ficaram em nome dela eram alugadas.

 

Na delação, Jacqueline afirma que as 13 casas dela estão localizadas no municípios de Duque de Caxias (RJ), sendo nas comunidades Santa Lúcia, Jardim Gramacho e Parque das Missões. Já os terrenos ficam em Vargem Grande, também no Rio.

Ficou acordado com a Justiça que cada casa de Jacqueline será vendida por R$ 15 mil até fevereiro de 2018, o que resulta em uma quantia de 195 mil. Já os dois terrenos de Beira-Mar serão vendidos por R$ 200 mil e as vendas precisam ser feitas até maio do ano que vem.

Na gravação, Jacqueline diz que os inquilinos das 13 casas dela pagavam os aluguéis em dinheiro. Ela ainda ressalta que os dois terrenos em nome de Beira-Mar foram repassados como forma de pagamento através de um amigo.

Conforme acordo de delação, os R$ 395 mil que serão devolvidos por Jacqueline à União serão usadas em programas de combate ao crime organizado e o tráfico de drogas.

Compra de bar no RJ
No anexo 1 do processo de Jacqueline, o juiz abre o depoimento falando que o processo também trata da lavagem de capitais referentes a Balada 25.

Segundo consta na denúncia, entre 6 de abril de 2015 a 24 de maio de 2017, Jaqueline aparece como autora do crime de lavagem de dinheiro e também ocultação da propriedade de um bar inicialmente chamado de Lounge Carioca e depois de Balada 25.

Consta também que houve utilização de dinheiro na atividade econômica, tendo origem a ação penal. Na gravação, a procuradora pergunta para Jaqueline sobre a aquisição do bar.

“A minha participação com relação ao bar foi mais ou menos por este mês de abril, só que a minha participação nessa ocasião foi ter emprestado… Eu conheço Draine de muito tempo, de longos anos, estudei com ele. Sei que o Draine é promoter e bem qualificado no Rio de Janeiro.
E também por conta da minha filha fazer eventos, tive mais afeição ao fato e ele veio me pedir um valor emprestado para aquisição de um bar. Eu sabia aonde era o bar, mas não frequentava porque estava no regime semiaberto.

Eu de fato não tenho esse valor e disse a ele que iria pedir emprestado pro Fernando essa quantia, de R$ 800 mil. Aí o Fernando [Beira-Mar] concordou e eu emprestei a ele esse valor para ele comprar, e não eu comprar o bar ou o Fernando comprar o bar. Dessa forma ele falou qual bar e tinha quatro sócios nesse bar.

E esses sócios, não sei por qual razão, me chamaram e me perguntaram se de fato poderia ter confiança de que ele poderia conseguir esse valor. Queriam um aval meu”, diz.

Logo depois o juiz pergunta então para Jaqueline quem eram esses sócios e ela revela quatro nomes. A procuradora do MPF que acompanha o depoimento pergunta para Jaqueline quais foram os valores de negociação do bar.

“Eu não sei exatamente o valor de negociação. Eu sei exatamente o que o Draine me passou, pois ele estava muito eufórico para querer esse bar. Ele tinha me passado R$ 1,8 milhão que seria esse bar. Eu me recordo que quando ele pegou emprestado, acho que foi esse erro meu, que fiz ele pedir esse dinheiro emprestado. Depois parece que ele não conseguiu. Parece que ele tinha um contrato com os donos e passaria a ter um contrato com o Fernando, onde pagaria um juros de 10%. Então ele pegou dois acordos.

No primeiro mês para pagar o Fernando ele me pediu R$ 100 mil. Quando fui falar com o Fernando [Beira-Mar] ele já se manifestou contrário. Já não confiava mais, ficou chateado e já quis a aquisição do bar para ele. Ele mandou avisar o Draine, através de uma carta que me enviou, que a partir de agora seria gestão dele e que o Draine continuaria na administração e retornaria a receber, seria sócio no caso, quando ele pagasse o restante da dívida com os antigos donos”.

A procuradora pergunta na delação se foi feito o pagamento de R$ 800 mil e como foi feito.

“Foi pago R$ 800 mil e depois mais R$ 100 mil. R$ 900 mil no total. Foram na minha casa e me entregaram. O dinheiro chegou dentro de um envelope pardo bem lacrado. Envelopado grande. O Draine estava comigo na hora pra receber. Ele vivia direto atrás de mim para saber que horas e quando. No momento que chegou entreguei e ele foi para fazer o negócio. Ele fez o pagamento aos antigos sócios. Foi um mototáxi que entregou lá”, afirma.

O juiz pergunta a mulher de Beira-Mar como ocorreu o contato com o marido, já que ele está preso. Ela afirma que a comunicação era por carta e Jaqueline diz que a carta era transportada por um mototáxi que ia até a casa dela.

“As cartas eram manuscritas e depois veio outras cartas dele [Beira-Mar], bravo, pra dizer que não era para fazer manuscrito e fazer do jeito que ele estava pedindo, digitalizada.. digitada, desculpa”.

O juiz pergunta se os sócios do bar tinham conhecimento desse empréstimo com o Fernando Beira-Mar. “Tinha porque me chamaram para uma reunião e nesta reunião foi para avaliar se de fato o Draine havia me pedido de fato este dinheiro. A reunião foi feita numa concessionária na 25 de agosto, em Caxias. Neste dia acho que estava os quatro”, afirma.

Segundo o processo, Jaqueline ficou como uma espécie de avalista por causa do empréstimo de dinheiro do Beira-Mar. Posteriormente, o homem não deu conta mais de pagar os juros e Fernando Beira-Mar decidiu assumir o negócio do bar.

“Ele pagou esses R$ 100 mil e não deu conta de pagar mais. Logo depois eu fui presa e ficou só eles lá gerenciando”.

A procuradora afirma a Jaqueline que consta em cartas que ela teria ajudado pagar esta dívida com o Draine, com lucro e faturamento da empresa.

Com o empreendimento sem sucesso, Jaqueline revela em depoimento que as coisas “não estavam bem” e que a administração foi passada pra outro homem.

“Eu sai em dezembro para o induto de Natal e acabou que Fernando veio me cobrar novamente como estava lá, pra recuperar novamente o valor do dinheiro dele e já estava o Toni na administração com a Aline. Como eu fiz esse erro de ter emprestado esse dinheiro no início, eu acabei ficando na responsabilidade de querer ver, de ter que me reportar”, conta.

Prisão de Jacqueline
A mulher do traficante estava presa no presídio provisório feminino havia sete meses, acusada de organização criminosa.

O acordo de delação foi feito em 12 de dezembro deste ano entre o Ministério Público Federal e a mulher de Beira-Mar. Ela deve manter residência em Porto Velho durante a ação penal e deve comparecer ao Ministério Público e à Justiça sempre que for solicitada.

Antes de ser trazida para Porto Velho, em maio de 2017, Jaqueline cumpria pena no regime semi-aberto na Justiça Estadual do Rio de Janeiro, quando foi determinada a prisão preventiva dela por organização criminosa, num outro processo, decorrente da Operação Epístolas, que tramita na capital de Rondônia.

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