O embaixador das Organizações da Nações Unidas (ONU) para os direitos humanos e questões raciais, Danny Glover, participou na tarde deste domingo de uma ação da Comissão Popular da Verdade, na praça da passarela da Rocinha, em São Conrado. A ideia era que o ator norte-americano passeasse pela comunidade, mas a integrante da comissão Dilcéia Quintela explicou que os organizadores decidiram realizar a ação próximo à passarela da Rocinha por questões de segurança. Neste domingo, a comunidade enfrenta mais um dia de confronto entre policiais e traficantes, que matou um jovem e deixou ao menos um policial ferido.
Danny Glover disse que já visitou outras comunidades no Brasil e no Mundo e denunciou que sempre encontra o mesmo cenário: “Não tem educação, não tem saneamento, o que tem são arbitrariedades. Temos que abraçar os moradores e as crianças da Rocinha. Eu, como artista, tenho o papel de reproduzir a busca pela paz e vou divulgar para o mundo a situação dos moradores daqui”, declarou o embaixador da ONU.
Dilcéia Quintela explicou que a Comissão Popular da Verdade foi criada após a intervenção federal na segurança do Rio. ” Esta ação é por conta da violência. Desde setembro, a Rocinha sofre. São incursões policiais sem planejamento, confrontos diários e vários mortos. Queremos denunciar para o mundo estas mazelas”, disse a integrante.
Ela ressaltou que a comissão não é contra a polícia, nem contra operações. ” A polícia, inclusive é vítima. O que não pode acontecer são arbitrariedades: crianças obrigadas a ficar dentro das escolas porque os pais não podem ir buscá-las, moradores que, ao voltar do trabalho, não podem chegar em casa por causa de uma operação malsucedida”, protestou.
Para a representante da comissão, o ator Danny Glover, como embaixador da ONU para os direitos humanos e questões raciais, é a melhor pessoa para ver o que está acontecendo na Rocinha.
“Essa é uma batalha que temos que continuar. Os políticos precisam ser responsabilizados. Eles devem falar em nome da população, e não do dinheiro”, declarou Glover.
Também estava presente no ato o também Osmar Prado. O ator lamentou que o embaixador não pôde circular pela comunidade após um intenso confronto que deixou uma pessoa morta. “Fui convidado a participar desse ato para dar visibilidade. O tiroteio ocorrido na manhã de hoje foi simbólico. Íamos fazer uma caminhada pela Rocinha até para que Danny tivesse uma visão melhor do que está acontecendo. Seria bom ele conhecer de perto”, disse. “A comunidade tem consciência de seus problemas”, completou o artista.
Participam do manifesto representantes da Defensoria Pública da União como a defensora Ana Lúcia Castro de Oliveira e o advogado Anderson Bussinger, conselheiro da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil seção Rio de Janeiro (OAB-RJ). A defensora está ouvindo relatos de moradores sobre violência sofrida em suas residências por parte de policiais.
