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NA AMéRICA LATINA

Uruguai abre 1º laboratório de remédios derivados da maconha

O laboratório será o primeiro a produzir óleo da canabidiol para uso medicinal

Da redação com Minha Vida
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Imagem: maconha2
País aprovou em 2013 lei liberando consumo de cannabis; última etapa é venda em farmácias | Foto: Reprodução/Reuters

No fim do mês de novembro, o Uruguai inaugurou em parceria a empresa canadense Aurora, o primeiro laboratório de remédios derivados da maconha da América Latina. O presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, participou da cerimônia e fez um tour pelo local.

Na entrevista coletiva, o executivo-chefe da International Cannabis Corporation (ICC LAB), empresa comprada pela Aurora Cannabis, Alejandro Antalich, declarou que o laboratório tem capacidade de produção para atender toda a América do Sul.

“Por muito tempo, o Uruguai foi conhecido como a Suíça da América. Acho que hoje, pelas mãos da Aurora, levando em conta que estamos criando uma nova indústria no Uruguai, temos a possibilidade de o país voltar a ser chamado assim”, disse Alejandro Antalich.

A empresa investiu US$ 20 milhões no empreendimento, sendo que US$ 12 milhões foram destinados ao laboratório, que possui equipamentos de última geração importados de Itália e Canadá.

Segundo Antalich, o laboratório será o primeiro a produzir óleo de canabidiol, componente não psicoativo da planta da maconha. Em seguida, eles irão investir em outras vias de administração, como cápsulas, cremes e aerossóis.

A empresa também terá a uma equipe responsável por investigar as propriedades dos medicamentos derivados da maconha e criará uma fundação para capacitar médicos do Uruguai sobre os benefícios do uso da substância no tratamento de doenças.

O Uruguai foi o primeiro país do mundo a legalizar a maconha, em 2013, ainda sob a presidência de José Mujica. Em julho de 2017, o governo autorizou a venda de maconha para o uso recreativo em farmácias.

Usos medicinais da maconha

As substâncias mais comumente prescritas são:

– Canabidiol (CBD)
– Naxibimols (extrato vegetal com THC e CBD, também conhecida como Sativex)
– Dronabinol (THC sintético, cujo nome do medicamento atende por Marinol) e nabilona (molécula sintética semelhante à do THC).

“O uso geralmente acontece através da vaporização da planta, por via oral (na forma de pílulas), oro-mucosa (absorção pela mucosa oral) ou retal, para uma absorção mais rápida”, conta Ivan Mario Braun. Para o psiquiatra, o uso do cigarro de maconha, por outro lado, é altamente contestável em função da presença conjunta de altas concentrações de THC, com potencial de abuso.

O canabidiol tem sido estudado como opção terapêutica para um amplo espectro de condições médicas (como asma e dores crônicas, por exemplo), porém a maior parte desses estudos ainda está na fase pré-clínica em animais de laboratório.

“Até o momento, as doenças que apresentam maior nível de evidências de efeitos terapêuticos do CBD são a epilepsia, esquizofrenia e Doença de Parkinson, a primeira tendo o tratamento autorizado com a substância. As duas outras já possuem estudos controlados e duplo-cegos em pacientes, porém ainda faltam estudos multicêntricos, com número elevado de pacientes”, pondera Antonio Waldo Zuardi.

Atualmente, a nabilona e o dronabinol têm sido utilizados para reduzir náuseas provocadas pela quimioterapia no tratamento do câncer. O último também é associado ao aumento de apetite em pacientes soropositivos.

No Brasil, o primeiro e único remédio à base de canabinoides registrado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é o Mevatyl, um spray bucal com os princípios ativos tetraidrocanabinol (THC) e canabidiol (CBD), ambos isolados a partir da espécie vegetal Cannabis sativa. Em outros países, o nome comercial do medicamento é Sativex.

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