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O BOM DOUTOR

Jovem autista assistido pelo CAPS vai fazer medicina na UFR

João Victor Bombonato de Paula tem 18 anos e é portador da síndrome de Asperger, uma forma branda de autismo; a conquista da vaga no curso de medicina é mais uma vitória

Roberta Azambuja - Assessoria/PMR

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Conquista de João é considerada também uma vitória para a família e toda sociedade de rondonopolitana – Foto: Assessoria

Tornar sonhos realidade é possível para qualquer pessoa. Afinal, a vitória é dada àqueles que se permitem superar desafios e fazer das dificuldades trampolins em busca do seu objetivo. Foi assim que aconteceu com o aluno do Centro de Atenção Psicossocial (Caps), João Victor Bombonato de Paula, de 18 anos, que fez das suas particularidades potenciais para atingir sua meta.

Aprovado no vestibular 2021 da Universidade Federal de Rondonópolis (UFR) para a faculdade de medicina, esta é apenas mais uma das conquistas daquele que se sobressaía em sala de aula por sua capacidade cognitiva. “Ele sempre foi elogiado na escola por sua inteligência, se destacando em todas as matérias. O João Victor é medalhista em matemática e em química, tendo conquistado essas medalhas nas olimpíadas das escolas públicas do Estado de Mato Grosso nas quais concorreu como aluno da Escola Estadual La Salle, onde estudava. E também é fluente em inglês”, compartilha, orgulhosa, a mãe Adriana Bombonato.

Apesar de toda essa aptidão, João Victor foi vítima de bullying. Quem revela o motivo também é sua mãe: “Eu percebi que ele tinha algumas dificuldades de se relacionar, de fazer amigos e conversar. Na escola, o João Victor se isolava muito. Então, quando tinha 15 anos, levei-o a uma psicóloga”. A especialista identificou que o adolescente era portador da síndrome de Asperger, que é um transtorno neurobiológico considerado uma forma branda de autismo.

É o próprio João Victor quem fala sobre suas dificuldades e os sintomas do distúrbio: “Eu tinha sensibilidade extrema a ruídos. Além disso, raramente olhava as pessoas nos olhos e o toque me incomodava, não conseguia abraçar alguém, pois me sentia preso e invadido. Também tinha medo de não ser entendido e era muito ansioso. Como eu era diferente, na escola meus colegas não conversavam comigo, me achavam estranho e, por causa da ansiedade, pensavam que eu era bravo e estressado”.

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A mãe, Adriana Bombonato, comemora cada vitória – Foto: Arq. Pessoal

Diante do diagnóstico de autismo, Adriana, por meio da recomendação de amigos, levou o filho para fazer as terapias no Caps, onde ele recebeu o suporte de uma equipe composta por psicólogo, assistente social, enfermeira, psiquiatra e educador físico. “Trabalhamos com o João Victor a socialização, a aceitação do toque e a tolerância ao barulho, entre outros aspectos. Durante esses três anos, ele foi demonstrando a cada dia mais avanços”, comenta Denize Ferreira Barbosa de Barros, uma das psicólogas que acompanhou o rapaz durante as oficinas.

Para Denize, é importante levar o paciente a aprender a conviver com suas singularidades – ressaltando que todo mundo tem suas limitações, cada um a sua – e a buscar expandir suas potencialidades. “Abordamos o autismo como uma característica inerente àquele indivíduo e o orientamos a aceitar suas particularidades e seu autismo, esclarecendo que isso não o diminui em relação aos outros, porque cada ser tem suas idiossincrasias”, pontua.

Aos poucos, João Victor foi se tornando mais e mais hábil em lidar com as peculiaridades próprias do Transtorno do Espectro Autista (TEA). “Antes, eu não me entendia. Mas depois que fui diagnosticado com autismo, passei a pesquisar sobre esse transtorno. No Caps, me senti muito acolhido e o tratamento que fiz lá ajudou a que eu conseguisse me compreender. Acredito que se tudo o que diz respeito ao autismo fosse mais debatido e divulgado, as pessoas saberiam lidar melhor com ele e não existiria tanto preconceito”, salienta ele.

Curiosamente, algumas especificidades do TEA, sendo bem administradas, acabaram favorecendo João Victor. “O hiperfoco, por exemplo, me ajudou na disciplina e nos estudos. Desde criança, minha imaginação me guiava a querer um mundo melhor, onde houvesse justiça e as pessoas fossem felizes e conseguissem realizar seus desejos. E eu queria ajudar a construir esse mundo melhor”, lembra.

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O vice-prefeito, Aylon Arruda, destacou o histórico de superações do jovem – Foto: Assessoria

Denize concorda com o que diz o moço: “O hiperfoco é um tipo de concentração mental que auxilia o indivíduo a colocar a atenção no que se determina a fazer. E como o João Victor tem muita facilidade em aprender e apresentou interesse em fazer o curso de medicina, nós o incentivamos a aprimorar a disciplina e os talentos que ele utilizar para conseguir esse propósito”.

Ter a medicina como uma ferramenta para amparar os seres humanos e, ao mesmo tempo, concretizar o anseio de fazer do mundo um lugar melhor. Assim, o futuro médico define o ofício que escolheu: “Quero ajudar todas as pessoas que puder”. Mas, ele vai além e assinala que, tendo conseguido seu escopo, pode ser exemplo para outros portadores de TEA. “Como portador da síndrome de Asperger consigo compreender os outros autistas e posso ajudar as pessoas a entenderem-nos e a perceberem que todos têm capacidade e podem contribuir para esse mundo ser melhor”.

Gratificada com o resultado alcançado por João Victor, Denize abre o coração: “Como pessoa e profissional, foi uma experiência marcante ver ele se desenvolver. Foi muito valoroso acompanhar o progesso do João e ver que as pessoas, quando estimuladas a evoluírem, conseguem ir até onde acreditam. É necessário, apenas, respeitar o tempo e o processo de cada um”. João, por sua vez, se define: “Não sou superior nem inferior a ninguém. Eu sou diferente, mas posso viver uma vida normal”. E resume seu sentimento pela equipe do Caps com uma palavra: “Obrigado”.

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