“Faltou empenho por parte do Secretário de Educação para que as aulas começassem no dia 9. Se existe um responsável por isso é ele”. A afirmação foi feita hoje (10) pela presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Rondonópolis (Sispmur), Geane Teles, durante entrevista coletiva sobre o adiamento das aulas presenciais no município.
Geane disse que o secretário ignorou os alertas feitos pela categoria e não adotou no tempo certo as medidas necessárias para viabilizar o retorno seguro e dentro da normalidade.
A entrevista foi realizada na manhã de hoje e contou com a presença de vários educadores e também do presidente da Associação dos Diretores de Escolas Municipais de Rondonopolis (Adesmur), Adevaldo Carvalho. Eles fizeram um balanço da reunião realizada ontem com o secretário Rogério Penso e afirmaram que os problemas continuam.
A informação é que algumas escolas começaram a receber profissionais para ocuparem postos de professor, auxiliares de serviços diversos e vigilantes. Porém o número é ainda insuficiente para atender as necessidades normais e às decorrentes da pandemia – como o controle de pátios e banheiros para evitar aglomerações, aferição de temperatura e recebimento de alunos.
Outro problema considerado grave é a falta de merenda. “Começaram a chegar alguns gêneros alimentícios no sábado, mas não em variedade suficiente. O que temos é insuficiente para garantir um cardápio adequado ou para suportar até que a nova licitação seja concluída”, alertou Adevaldo Carvlaho.
A reportagem apurou que as escolas que já receberam parte da merenda tem apenas carne, macarrão, brócolis, biscoito e sal. Não há, por exemplo, arroz ou tempeiros. Também não tem alimentos adequados para os bebês nas creches municipais.
ATAQUES
Durante a coletiva servidores e educadores reclamaram de ataques feitos à categoria, reiteirando que não são responsáveis pelos problemas que impediram o retorno das atividades presenciais.
O presidente da Adesmur disse que as equipes estão trabalhando normalmente e alertaram os responsáveis antecipadamente sobre as deficiências existentes nas unidades. “Na verdade estamos trabalhando até mais que antes, preparando e realizando aulas, montando e distribuindo kits pedagógicos, orientando pais e alunos. Fazemos isso usando nossos próprios aparelhos inclusive aos finais de semana”.
“Queremos que as aulas retornem o quanto antes com segurança e sem prejuízo às crianças. Mas, infelizmente, tem muita coisa que foge da nossa autonomia”, explicou.
Cindstabile Piovezan, diretora da Cmei. Maria Severina da Silva, localizada no Residencial Farias, também lamentou os transtornos. “Sabemos que os pais precisam da unidade e ficamos desesperados por não poder atendê-los. Mas na nossa unidade falta até professor. Também não temos alimentos para fazer as seis refeições diárias. Precisamos fazer uma comida gostosa, mas falta quase tudo e pra tempero temos apenas sal”.
A diretora também chamou a atenção para a falta de equipamentos de proteção individual. Ela lembro que no caso das creches as crianças passam do colo dos pais para os braços dos professores – o que aumenta o risco de contaminações.
As escolas e creches da rede municipal compraram máscaras para as equipes com recursos do governo federal. “Não temos máscaras para dar as crianças menores. Também pedimos luvas e aventais para lidar com os bebês sem nenhum risco, mas ainda não fomos atendidos”, disse ela.