O ex-presidente Lula agradeceu hoje (20) a recepção que teve de chefes de estado e lideranças durante sua passagem pela Europa. Neste sábado ele deu uma palestra ao partido Podemos, da Espanha, e falou sobre temas como a disputa pela presidência no ano que vem e o acordo econômico com a União Européia (UE).
Nos últimos dias, o ex-presidente brasileiro esteve na Bélgica, foi recebido com honras de chefe de estado pelo presidente da França, Emmanuel Macron, e também conversou com o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, e com o futuro chanceler da Alemanha, Olaf Sholz. O petista disse ter ficado honrado com o carinho que recebeu em todos os países.
“Foi uma coisa tão nobre que me fez voltar a querer ser candidato a presidente outra vez. Porque eu vou decidir mais ou menos entre fevereiro ou março, porque tem muita conversa para fazer ainda. Mas, veja, eu estou convencido, eu estou convencido que é possível recuperar o Brasil”, afirmou Lula.
A agenda com as lideranças europeias tratou também de questões como o avanço da extrema-direita, a preservação ambiental e a recuperação da economia. Lula criticou o acordo firmado em 2019 pelo governo de Bolsonaro, mas ainda não ratificado pela União Européia. Segundo ele, o acordo não atende os interesses do Brasil.
“Devemos levar em conta as necessidades dos países”, disse Lula sinalizando que pretende renegociar os termos do acordo caso seja eleito presidente no ano que vem.
Além de estabelecer limites visando preservar a indústria nacional e outros setores considerados estratégicos, Lula também deve pedir mudanças nas condições envolvendo produtos agropecuários.
Neste sentido a posição é reforçada por dados da própria Comissão Europeia que indicam desvantagem para o Brasil e parceiros do Mercosul. Pelo acordo encaminhado pelo atual governo, a cota dada para a carne bovina no Mercosul foi de 99 mil toneladas, menos de 1% que o Brasil produz anualmente. No que se refere à carne de frango, a cota de 180 mil toneladas concedida ao Mercosul representa apenas 1,2% do consumo da UE. Uma taxa similar é registrada para o açúcar. A cota negociada por Bolsonaro prevê o abastecimento de apenas 1% do consumo europeu.
“Os parceiros europeus precisam entender que nós devemos exportar produtos acabados que tenham maior valor agregado para que possamos avançar”, disse. “Não queremos apenas exportar soja, milho e minérios”, defendeu Lula.