O presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, disse hoje que uma eventual aliança entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), pode inviabilizar o apoio da legenda à chapa no ano que vem. Segundo ele, a aliança seria um erro estratégico e compromete a garantia de pautas consideradas caras pela esquerda.
O líder do PSOL falou sobre o assunto em entrevista ao UOL e disse não acreditar que a aliança possa agregar apoios para Lula, pois Alckmin não conseguiria fazer com que seus eleitores conservadores votassem no petista. Para ele, a escolha seria equivalente à escolha de Temer como vice na chapa de Dilma Roussef.
“Há um princípio de que errar uma vez é humano, mas errar duas já começa a ser burrice. O PT colocou como vice da Dilma o Michel Temer, sujeito que conspirou contra a presidente da República para viabilizar o impeachment em 2016. Não vejo em que o Geraldo Alckmin possa agregar [à campanha de Lula]”, afirma Juliano Medeiros.
“Alckmin defende as medidas que foram implementadas nos últimos anos: reforma trabalhista, lei das terceirizações, reforma da previdência, privatizações. Um conjunto de políticas que criou a crise econômica e aprofundou a recessão no Brasil nos últimos anos”, completou.
Juliano Medeiros disse que a possibilidade da aliança Lula-Alckmin tem causado insatisfações dentro do próprio PT e deixa em alerta as lideranças do PSOL sobre um apoio a essa chapa.
“Não há dúvida de que seria um elemento dificultador [apoiar Lula com Alckmin de vice]. E não há dúvida que provoca grande desconforto não só no PSOL, como também em parte da militância do próprio PT. Temos acompanhado a repercussão nas redes sociais, intelectuais e militantes que veem no Lula a possibilidade de superar essa tragédia que é o governo Bolsonaro, mas não querem ver repetido o filme de 2016, quando o vice conspirou para derrubar a presidenta democraticamente eleita”, destacou o presidente do PSOL.