“Ganhamos hoje porque respeitamos o adversário. Foi uma vitória justa, de uma equipe inteligente, que já ganhou muito, mas perdeu também. Fico feliz que estamos em mais uma final.”
Abel Fernando Moreira Ferreira falava sobre a provável decisão contra o Chelsea, a quem chama de Golias. O Palmeiras, sob a sua lógica, será Davi, ser humano normal, contra o gigante Golias. A analogia com o Chelsea não poderia ser mais clara.
O treinador tinha todos os motivos para capitalizar a vitória hoje, nos Emirados Árabes. Foi sua estratégia que proporcionou uma atuação excelente do Palmeiras, principalmente de Dudu, que acabou com o plano tático do Al-Ahly, do falastrão Pitso Mosimane. E levou o Palmeiras à segunda decisão de Mundiais de sua história.
O trabalho sério, responsável, de muito estudo e força mental fez com que Abel Ferreira chegasse de forma invejável ao treinador das conquistas mais importantes da história do Palmeiras.
Ninguém jamais havia vencido duas Libertadores da América, além da Copa do Brasil. Agora, com a chegada à decisão do Mundial, o português se fixa na trajetória do clube.
A seriedade com que Abel trabalha chama a atenção. Principalmente no futebol cada vez mais dominado pelo ego.
Ele deu um tapa de pelica no treinador do Al-Ahly, que havia garantido que iria ‘engolir’ o Palmeiras. Quando ele deixa escapar que o Palmeiras foi ‘inteligente’, ele quis dizer que não caiu no mesmo truque que o time egípcio armou contra o Monterrey, travando os mexicanos, que tentaram impor seu toque de bola.
Abel, não. Insistiu, brigou com a direção do Palmeiras para chegar três dias antes do que no Mundial de 2020. Porque queria aprimorar a forma física com que seu time entraria para os jogos. Ele levou em consideração o fuso horário, as sete horas à frente dos Emirados Árabes.
Não abrir mão, de jeito algum, de Piquerez, que se encaixou perfeitamente como terceiro zagueiro. O uruguaio, com Covid, dormia no horário dos Emirados. E viajou, curado, após cinco dias da doença detectada.
O plano de Abel era imprensar o Al-Ahly no primeiro tempo, sair com a vantagem e forçar o rival a deixar sua ‘zona de conforto’, os contragolpes. E tentar propor o jogo. O português conseguiu. O Palmeiras vencia por 1 a 0 no intervalo. No segundo tempo, mal iniciado, a postura africana era outra, com a intermediária adiantada, aberta.
Foi quando o Palmeiras, aos três minutos, selou a sorte do jogo, depois de um passe excelente de Raphael Veiga para Dudu decretar 2 a 0. Abel mandou seu time adotar a postura mais defensiva, travando as intermediárias. O jogo havia acabado.
O treinador estava equilibrado, sereno, após a vitória. Sabia que ganhar do time egípcio poderia ser visto como obrigação.