A assim chamada “terceira via” das eleições para presidente não decola. Ciro Gomes (PDT), Sérgio Moro (Podemos), João Dória (PSDB) e outros não chegam aos dois dígitos nas pesquisas de intenção de voto. Com isto, fica cada vez mais provável uma polarização entre as candidaturas de Bolsonaro e Lula, o que pode pegar muitos políticos de surpresa. Explico.
Lula tem reiterado o discurso de união dos diversos espectros políticos para arrematar a eleição já no primeiro turno. Bolsonaro, a seu turno, adverte o país para o risco da volta da “cleptocracia” que marcou os governos do PT. Com isso, os partidos políticos começam, cada vez mais, a se aglutinar ao redor desses dois players. Tal aglutinação pode se dar por meio de uma coligação ou de uma federação partidárias. E é aí, que mora o perigo. Para os políticos.
Com o fim das coligações partidárias para as disputas proporcionais (cargos de vereador, deputado estadual e federal), a figura da federação partidária acabou sendo criada. Diferentemente da coligação, a federação partidária vale por 4 anos (ou seja, ela definirá as alianças nas eleições municipais de 2024, inclusive) e verticaliza as alianças, ou seja, vale para os pleitos nacionais, estaduais e municipais.
O problema (para os políticos) da federação de partidos é que o TSE, ao estabelecer o calendário eleitoral para este ano, fixou a janela partidária (momento em que o parlamentar pode mudar de partido sem perda do mandato) até 1º de abril, enquanto que a formação da de federação de partidos pode ser feita até 31 de maio.
Ou seja, os políticos, se quiserem trocar de partido, terão de fazê-lo sem as cartas todas na mesa. É realmente possível que eles sejam pegos no “contrapé” de uma aliança eleitoral para a qual ele sequer contribuiu em sua criação, posto que tais definições se dão no âmbito federal. Pelo visto, os pré-candidatos terão que ter um toque de “mãe Diná” esse ano.