No Dia do Livro Infantil (18/04), escrevi sobre o livro infantil. No Dia do Índio (19/04), sobre o índio. Resisti à tentação e não escreverei hoje, 21 de abril, sobre Tiradentes. Não que o alferes Joaquim José da Silva Xavier não o mereça. Idealizador da “Inconfidência Mineira”, movimento separatista pelo qual morreu enforcado, Tiradentes merece todas as honras como patrono das polícias militares, como Herói da Pátria e como patrono do civismo brasileiro. Mas é sobre outro assunto que quero apertar as lentes neste texto, a terceira via das eleições presidenciais.
As últimas pesquisas mostram que a saída de Sérgio Moro do páreo não mudou o caráter polarizado da disputa. Ao contrário, os votos do ex-juiz migraram, naturalmente, para o presidente Bolsonaro, que diminuiu a distância para o primeiro colocado, o Lula.
Acontece que a turma do “nem-nem”, os que não votam em Lula ou Bolsonaro, que é a parte menor dos que anunciavam voto em Moro, foi para Ciro Gomes que, no último levantamento XP/Ipesp, chegou a 9 pontos. A aposta do candidato do PDT é romper a barreira dos dois dígitos para poder atrair os chamados eleitores “antis”, os que votam em Lula porque são contra o bolsonarismo e os que votam em Bolsonaro porque são contra o lulopetismo. Será que ele consegue?
Dificilmente. Ciro insiste em falas desagregadoras. Chamou os pré-candidatos dos partidos com os quais precisará dialogar para construir sua terceira via de “viúvas do Bolsonaro”, dando como exemplo o governador de São Paulo João Dória que, durante o pleito de 2018, mudou de nome para “Bolsodória”. A análise de Ciro não é equivocada, mas inoportuna. Não existem nomes nessa corrida presidencial da envergadura de Lula ou Bolsonaro. Assim, a terceira via só se tornaria opção ao eleitor se fosse construída pelo diálogo. Os ataques de Ciro impedem justamente que ele aconteça.
Como resposta a isso, o ministro da Casa Civil, o Senador Ciro Nogueira, do Progressistas, partido que preside, inclusive, rechaçou a afirmação do seu xará afirmando que Ciro (o Gomes) “é viúvo do próprio Ciro Gomes”, em entrevista ao jornal Estado de São Paulo. A fala buscou, claro, diminuir o candidato e mostrar que ele está dando um “vôo solo”. Só que uma andorinha voando sozinha não faz verão, já dizia o poeta.