Num lugarejo bem distante, existia uma comunidade de porcos espinhos. Viviam de forma harmoniosa, um ajudando o outro em suas necessidades. Um dia chegou ali, vindo de longe, um porco espinho que não era lá tão harmonioso assim. E com o tempo esse visitante, que tinha um ótimo discurso, e era bastante persuasivo em suas palavras, começou a disseminar entre os porcos várias ideias revolucionarias, e aquela comunidade que era tão famosa pela unidade dos seus integrantes começou a se desfazer pouco a pouco.
Segundo o “visitante”, eles precisavam abrir os olhos, serem livres. Já não mais se aproximavam uns dos outros pois não suportavam mais os espinhos ferindo seus corpos… tomaram então uma decisão de que realmente com tantas feridas era melhor se separarem e cada um viver por si.
Com o passar dos meses foi chegando o inverno, era uma região tão fria que alguns deles não conseguiram sobreviver por causa do frio congelante… começaram a perceber que antes, mesmo com os espinhos, eles se aproximavam nesta época uns dos outros e o calor de um aquecia o outro fazendo com que todos passassem pelo inverno sem maior dano.
Foram se recordando que o espinho era o menor problema que eles tinham, e não era particularidade de apenas um, mas todos tinham lá seus espinhos, uns maiores, outros menores, uns eram mais cuidadosos quando se aproximava do outro para não ferir abruptamente, outros menos… E decidiram reunir-se novamente, pois era uma questão de sobrevivência.
Chegaram à conclusão que apesar dos espinhos, juntos eles eram mais fortes. Enfrentariam as adversidades e que não podiam confiar tanto assim em estranhos, que mesmo que ele tivesse razão em algumas colocações não era o detentor da verdade absoluta.
Aprenderam a lição: confiar mais em si mesmo e aceitar o outro com suas limitações, o que as vezes parece imperfeição é o que te salva nos momentos de maior necessidade
Talvez você já tenha ouvido essa historinha da comunidade de porcos espinhos. Mas eu resolvi trazer aqui nessa coluna para olharmos um pouco mais para nosso interior e também para aquele que está ao nosso lado e perceber que apesar dos espinhos que o outro possui você também os possui. Que assim como você é ferida algumas vezes você também fere.
Como diz a Palavra de Deus: “Você enxerga o cisco que está no olho do outro e não vê a trave que está no seu.”
Não importa quantas vezes você foi ferida, isso não lhe dá o direito de ferir também. Não é fugindo da convivência com os outros que você vai se curar. Mas a cura virá pela troca de amor, pela troca do desejo de ser melhor para proporcionar ao outro melhora, virá através da cura da ferida uns dos outros.
O mundo tem muitas vozes, levanta muitas bandeiras, mas saiba você faz parte deste mundo e pode do seu lugar fazer a diferença. Olhe para dentro de si e descubra o tesouro, a força guardada em seu interior e reverbere sua beleza. Plante o seu jardim ao invés de esperar que o outro lhe traga flores. Quando cuidamos do nosso jardim, as borboletas sempre virão e podemos embelezar a vida com nossas flores, sabendo que essas também possui seus espinhos.
Tenha um olhar compassivo para com você mesmo. Aproveite dos momentos que o inverno te proporciona para aprofundar suas raízes, porque quando chegar os ventos do outono eles não te derrubaram.
Tenha um lindo dia, e seguimos ressignificando nossas feridas, na certeza de que essas cicatrizes são troféus que dizem quantas vitórias temos colecionado.
Um beijo no coração, fique com Deus e até a próxima.