A faixa elevada para travessia de pedestres recentemente instalada nas proximidades da feira da Vila Aurora foi o palco, e talvez a causa, para a morte da jovem Thaynara Klein, de apenas 18 anos. Ela conduzia sua motocicleta pela rua Otávio Pitaluga e não avistou o obstáculo, vindo a cair ao chão e quebrar o pescoço. Outros três acidentes aconteceram no mesmo lugar, não tão graves como o de Thaynara.
Essa tragédia poderia ter sido evitada se a faixa elevada tivesse sido instalada dentro das normas do Conselho Nacional de Trânsito, o CONTRAN, que preconizam sinalização especial e determinam que tais projeções sobre a via se deem “somente em trechos de vias que apresentem características operacionais adequadas para tráfego em velocidade máxima de 40 km/h, seja por suas características naturais, seja por medidas para redução de velocidade.” Claro que o trecho em questão tem velocidade máxima estabelecido na lei de 40 km/hora, mas é inegável que os veículos ali trafegam acima desse limite, o que, por si só, desautorizaria a medida.
Ainda, de acordo com as mesas regras do Contran (Resolução 495/2014), é preciso sinalizar o local com placas 50 metros antes da faixa elevada e sobre ela também. O problema é que a secretaria de trânsito (propositadamente escrito com letra minúscula) instalou a placa atrás de uma árvore frondosa, o que impede sua visualização completa. Outro equívoco que pode ter custado a vida de Thaynara. Também é preciso haver estudo de engenharia de trânsito para sua instalação. Cadê?
Essas ações por parte da secretaria de trânsito (de novo, em letra minúscula) evidenciam a mais completa falta de planejamento do órgão. Desconectado do mundo real, toma medidas isoladas e, por vezes, equivocadas, que mais atrapalham do que orientam o trânsito nosso de cada dia. Desde outubro passado, quando assumiu a pasta, o secretário Lindomar Alves, a quem conheço e posso testificar a idoneidade ética e profissional, só deu bola fora. A fatídica faixa elevada se soma a diversas outras medidas desconexas e falhas por ele adotadas.
A instalação de faixa elevada na frente de um mercado atacadista na avenida Bandeirantes, a contratação de alguns artistas circenses para um trabalho acanhado de conscientização na Lions Internacional, a instalação açodada e descabida de sinalização semafórica na esquina da avenida Marechal Rondon com a rua XV de Novembro, próximo ao cais, que não sei a quem interessa aquilo, certamente não à cidade, a letargia em fazer funcionar a autarquia recentemente criada para operar o transporte coletivo na cidade deixam claro que o prefeito José Carlos do Pátio perdeu a mão da secretaria. Sofremos todos com isto.
Sofrem mais os familiares da jovem Thaynara, aos quais cumprimento com pesar profundo, desejoso de que Deus possa confortá-los.