A Organização Mundial de Saúde recomenda o consumo de 12 quilos de pescado por pessoa ao ano. A gente não atende essa recomendação. Na média, o brasileiro come 9 quilos de peixe por ano. E, mesmo tendo mais de 8 mil quilômetros de costa e rios e lagos que somam 13,7% de toda água doce do mundo, ainda importamos perto de 60% de todo pescado que consumimos. Um absurdo, de fato.
O erro está na forma de obtenção do peixe. A pesca precisa ser substituída, imediatamente, pela aquicultura, que pode resolver, inclusive, o problema mundial de demanda por proteína animal. Em 1 hectare de terra, o produtor rural brasileiro, investindo em melhoramento genético do rebanho e tecnologia na produção de ração e no manejo do gado, consegue produzir incríveis 1,2 tonelada de carne bovina. Em uma lâmina d’água de 1 hectare, produz-se 32 toneladas de peixe.
Para se ter uma ideia desse mercado, considere os dois países mais populosos do mundo, China e Índia, respectivamente. Juntos, têm uma população de 2,5 bilhões de habitantes. No caso da China, boa parte de sua população não está colocada no mercado de consumo, mas a tendência é de que isso ocorra gradualmente. E, na Índia, cresce o consumo de carne bovina, mesmo tendo 80% da sua população seguindo o Hinduísmo, que combate o consumo de carne há séculos. Com o crescimento do consumo de carne nesses países, ano após ano, onde é que vamos conseguir proteína animal? A aquicultura seria uma solução, certamente.
Um programa de incentivos dos governos, principalmente os municipais, com oferecimento de assistência técnica, construção de frigoríficos para beneficiar os peixes e garantia de compra da produção para inclui-la na merenda escolar, daria um “boom” na aquicultura no Brasil. Nem se fale no benefício que ela pode trazer aos pequenos produtores rurais, que têm na falta de renda no campo o principal óbice a novos investimentos.
Se um programa assim fosse coordenado pelo Governo Federal, então, aí seria demais. Deixaríamos a condição de importadores e passaríamos a ser fornecedores de peixe para todo o mundo. A um só tempo, teríamos maior superávit em nossa balança comercial internacional, porque deixaríamos de importar e passaríamos a exportar peixe, e garantiríamos a renda das pequenas propriedades rurais, um verdadeiro ganha-ganha. Para os secretários municipais de agricultura, #ficaadica.