O esporte que mais gosto é o automobilismo, especialmente a Fórmula 1. Futebol? Futebol não é esporte. É paixão incontida; é emoção manifestada em arquibancada ou alambrado; é poesia, não em verso ou prosa, mas em drible e gol. Futebol é magia; é expressão da alma de um povo; é nossa riqueza cultural. É o que penso, claro. Minha esposa insiste em divergir disso e diz simplesmente não entender por que eu assisto a uma partida entre equipes para as quais eu não torço e sobre as quais pouco ou nada sei sobre a escalação ou história. Também não sei o porquê. Simplesmente amo. Quando pergunto a alguém sobre o time para o qual torce e a resposta vem: “não torço para nenhum time”, na hora penso: “eu, hein!?
Não sei se é só coincidência (claro que é), mas toda vez que a seleção põe a mão na taça do Mundial, o Brasil vai bem. Parece um prenúncio de que um bom tempo está por vir. Foi assim com as gerações das Copas de 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002. As cinco conquistas vieram acompanhadas de desenvolvimentos econômico e humano no país. Talvez seja porque a gente se sinta mais confiante e afaste a “síndrome de vira-lata” que insiste em nos acometer. De fato, quando levantamos o caneco, olhamos o resto do mundo (especialmente os europeus), de cima para baixo. É boa a sensação, confesso.
É lógico que o que estou falando aqui é uma tremenda bobagem. Os altos e baixos do Brasil não são “profetizados” pelo desempenho de uma equipe de futebol. Antes, nosso crescimento como nação depende de planejamento, esforço comum e unidade de nosso povo para levarmos a efeito o desenvolvimento do qual todos compartilhemos. A união que a seleção brasileira produz durante uma Copa do Mundo não é suficiente para nos levar adiante. Ela dura só 90 minutos. Precisamos de mais, muito mais que isso.
É urgente que encontremos um plano para o país ao redor do qual nos irmanemos. É isso ou nossa derrocada como povo. Justamente nesse mister, os candidatos à presidência que lideram as pesquisas estão nos devendo. Não consegui extrair de suas falas até aqui qualquer proposta factível para o Brasil. Acusações mútuas são as tônicas de seus discursos, o que, convenhamos, não vão se tornar o “catalisador” que precisamos para nos unir. Ao contrário, pode levar ao esgarçamento do tecido social brasileiro, e colocar, ainda mais, uns contra os outros, para prejuízo de todos, obviamente.
Mesmo que seja ilógico o que vou dizer, torço para a gente ganhar essa Copa do Catar. Mais por conta das coincidências anteriores de prosperidade do que pela seleção em si. Aliás, uma das piores que já vi, inclusive no caráter. Bem, mas futebol é isso: nem sempre ganha o melhor. E como estamos precisando vencer em alguma coisa. Bora, Brasil!