Os institutos de pesquisa saíram arranhados do primeiro turno das eleições esse ano. Todos eles. O que mais se aproximou do resultado foi o Paraná Pesquisas que, na antevéspera do pleito apontava Lula com 47% e Bolsonaro com 40%. Dentro da margem de erro de 2 pontos percentuais, o instituto acertou a votação de Lula, que fez 48% e, por 1 ponto percentual, não acertou a de Bolsonaro, que fez 43%.
Pessoalmente, vou deixar os institutos falando sozinhos nesse segundo turno e mirar na nova eleição que se nos abre. Nova, em vários aspectos, diga-se de passagem. Agora, os candidatos têm o mesmo tempo de propaganda eleitoral no rádio e na TV (como se alguém assistisse a isso). Tem mais! Com as disputas regionais resolvidas, todas as atenções se voltam agora à cadeira da Presidência da República. E, nesse ponto, Bolsonaro pode levar uma vantagem maior.
É que seu partido, o PL, elegeu 101 deputados federais e conseguiu a maior bancada no Senado, além de ter conseguido reeleger vários governadores de estado no primeiro turno. São os casos de Mauro Mendes (MT), Ronaldo Caiado (GO), Gladson Cameli (AC), Ratinho Júnior (PR), Claudio Castro (RJ), Antônio Denarium (RR) e Wanderlei Barbosa (TO). Somem-se a estes, bolsonaristas declarados, os outros dois governadores reeleitos em primeiro turno que podem pender para o lado do atual presidente, Ibaneis Rocha (DF) e Romeo Zema (MG), e temos aqui uma força eleitoral gigantesca. Claro que Lula também conta com governadores eleitos em primeiro turno, mas, em seus respectivos estados, o petista já vai muito bem; ou seja, não acrescenta muito o apoio deles em segundo turno.
Lula, agora, precisa cuidar do moral da tropa. É que os petistas já davam como certa a eleição no primeiro turno. E fizeram um arrastão para isto. Levaram toda a classe artística para seus programas de TV, ex-ministros do STF, como Celso de Mello e Joaquim Barbosa, gravaram vídeos manifestando apoio a Lula, e tomaram quase todos os votos de Ciro Gomes (pobre Ciro!), na campanha pelo voto útil. E ainda faltaram milhões de votos para a tão desejada vitória no “tempo normal da partida”. Lula afirmou que o jogo foi para a prorrogação. Foi um balde de água fria, por assim dizer.
E foi mesmo! A campanha de Lula é como aquele time que está ganhando por 3 a 0, mas cede o empate nos 15 minutos finais da partida. Na prorrogação, o time que estava perdendo e empatou passa a acreditar muito mais na vitória, por evidente. É como se estivesse com “sangue nos olhos”. E tudo pode acontecer.
Claro que a tarefa de Bolsonaro é muito mais difícil. São quase 6 milhões de votos que o separam de seu adversário. Mas será impossível? Nada em política é impossível. A verdade é que Lula, os institutos de pesquisa, os eleitores de esquerda e a imprensa em geral subestimaram o bolsonarismo, esse movimento apartidário que cultiva a pessoa do presidente e tudo o mais que ele representa. Não entenderam direito o que “família”, “vida”, “liberdade”, “Deus”, “pátria”, significam para o povo brasileiro, e estão boquiabertos com o resultado das urnas.
Agora, é esperar pelo segundo turno, em 30 de outubro. Ah!, e sem institutos de pesquisas, hien!? “Moiô” pra eles!