Era o ano de 1284 e os habitantes da pequena cidade alemã de Hamelin estavam às voltas com uma infestação de ratos sem precedentes. Venenos, ratoeiras e todo tipo de armadilha se mostraram absolutamente ineficazes para acabar com os roedores.
Um dia, apareceu no vilarejo um homem vestido em trajos coloridos que prometia acabar com a praga, desde que lhe pagassem pelo serviço. Ofereceram-lhe, então, uma moeda por cada cabeça de rato que trouxesse. O homem lançou mão de uma flauta e, encantando os roedores com sua música, conduziu a rataria para dentro do rio Weser, afogando-os todos.
Voltando para receber seus honorários, foi-lhe negado o pagamento, já que nenhuma cabeça de rato apresentou. O flautista deixou a cidade raivoso, prometendo vingança. Em 26 de junho daquele ano, segundo a história (ou lenda), por ocasião das comemorações alusivas a São João e São Paulo na Alemanha, os habitantes de Hamelin estavam na igreja. O flautista, então, apareceu de surdina na cidade e começou a tocar seu instrumento para hipnotizar, dessa vez, as crianças da vila, que o seguiram até um lugar conhecido por Kepper, e nunca mais foram vistas.
Os irmãos Grimm (Jacob e Wilhelm) foram os primeiros a reescrever o fato, em um conto que terminava assim: “Cento e trinta crianças seguiram o flautista para fora da cidade, onde foram enfeitiçadas e trancadas em uma caverna. Na cidade, só ficaram opulentos habitantes, repletos celeiros e bem cheias despensas, protegidas por sólidas muralhas e um imenso manto de silêncio e tristeza. E foi isso que se sucedeu há muitos, muitos anos, na deserta e vazia cidade de Hamelin, onde, por mais que se procure, nunca se encontra nem um rato, nem uma criança.”
Esse personagem macabro, o flautista de Hamelin, aparece de quando em quando. Nem sempre toca flauta, mas enfeitiça sempre, tomando-nos algo de valor. O mais recente é o Lula. Com seu canto de sereia de “luta contra o fascismo e pela democracia”, com a conversa mole de “cuidar das minorias” e com seus slogans foçados como “o Brasil voltou”, hipnotizou 60 milhões de brasileiros que lhe atribuíram voto nas urnas sem que qualquer projeto para o país ou programa de governo fosse apresentado. Lula conseguiu, com seu canto, impingir medo nos brasileiros, tomando-lhes o bom senso.
Agora, cessada a música das eleições, a verdade aparece e se impõe: estamos desgovernados. Como profetizou Ciro Gomes durante a campanha eleitoral do ano passado, Lula entregou os ministérios de pauta identitária para o Partido dos Trabalhadores fazer discurso, o Ministério da Fazenda para os banqueiros lucrarem e só fica no estrangeiro esbanjando nosso dinheiro. Os gastos com suas 6 viagens ao exterior já nos custaram R$ 12 milhões. Chega, meu!
Espero que muitos irmãos e irmãs brasileiros acordem do encanto jogado pelo “flautista do Planalto” e abandonem essa bajulação frívola provocada pelo personalismo populista do Lula, exigindo dele (já que ainda é nosso presidente) um projeto para nossa nação.