Agora MT Cidades Cuiabá Índios dão prazo de um mês para fazendeiros deixarem terra em MT
CONFLITO

Índios dão prazo de um mês para fazendeiros deixarem terra em MT

Fonte: DA REDAÇÃO COM G1

Imagem: cats42 Índios dão prazo de um mês para fazendeiros deixarem terra em MT
foto da internet

Os índios xavantes deram prazo de um mês para a retirada dos seis mil não índios que ocupam a reserva Marãiwatsede, localizada em Alto Boa Vista, a 1.064 quilômetros de Cuiabá. Um plano elaborado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e pela Fundação Nacional do Índio (Funai) ainda vai ser avaliado pela Justiça Federal. Mas as autoridades da região do Vale do Araguaia já alertam para o risco de um conflito na área. A disputa pela terra já dura mais de 40 anos.

Os indígenas consideram a área sagrada e não aceitaram a proposta do governador de Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB), de deixar a área e passar a viver em um Parque Estadual. Eles também cobram o cumprimento da decisão do Tribunal Regional Federal (TRF), que determinou em outubro do ano passado a saída das famílias de fazendeiros da região. “Se demorar muito, nós vamos invadir outra fazenda. Vamos tomar. Se sair a guerra, é guerra. Vamos morrer por causa da terra”, declarou o cacique xavante Damião Paradzané.

No entanto, no dia 2 de julho, o próprio TRF suspendeu uma nova liminar proferida no mês passado pelo juiz da 1ª Vara Criminal, Julier Sebastião da Silva, que dava prazo de 20 dias para começar a desocupação. O Ministério Público Federal quer a retirada das famílias e adiantou que vai recorrer da decisão.

Violência

Há aproximadamente dois meses, a violência na região tem aumentado depois que cerca de 400 indígenas recusaram a proposta do governo do Estado de transferência dos índios para o Parque Estadual do Araguaia. Alguns xavantes chegaram a ataca fazendas localizadas dentro da área a ser desocupada. Casas foram demolidas e até incendiadas, segundo denunciam os fazendeiros.

O agricultor Francisco da Silva conta que foi surpreendido com a chegada de ao menos 60 índios guerreiros, no mês passado. “Eles tocaram fogo em duas casas. Chegaram com gasolina dizendo: tirem as coisas que vai pegar fogo. Eles me atacaram, me amarraram e me carregaram por cerca de 600 metros nas costas ”, comentou o agricultor. A denúncia de violência foi encaminhada para a Polícia Federal, na capital.

A denúncia partiu do presidente da Associação dos Produtores Rurais, Renato Teodoro da Silveira Filho, que se diz porta-voz da comunidade. Ele protocolou junto à Superintendência da Polícia Federal um pedido de instauração de inquérito para apurar os supostos atos de violência contra os não-índios. Ainda segundo Renato Teodoro, as famílias dos fazendeiros alegam que desenvolveram a região e que agora não têm para onde ir.

Neste cenário, as autoridades que acompanham as discussões há anos temem que a disputa termine em conflito. O prefeito de São Felix do Araguaia, Filemon Limoeiro, acredita que podem acontecer mortes na região. “Pode dar morte. Você calcula ter que retirar uma pessoa da casa e dizer que ele tem que sair”, comentou o prefeito.

História

O padre Dom Pedro Casaldáliga, uma liderança ligada à Igreja Católica, compartilha do mesmo pensamento. Para ele, pode ocorrer uma disputa violenta caso não seja encontrada uma solução para a situação. Ele vive na região há 40 anos e diz que os xavantes foram retirados das áreas em 1966. Ele explica que os índios foram levados para outra aldeia, a 400 km do local.  Mas em 2003, os índios retornaram para área, que já estava ocupada por fazendeiros. Para ele, os índios foram enganados na época.

De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), a terra pertence aos índios. A Fundação alega que há registros históricos, como fotos antigas, que mostram a presença dos xavantes na região antes de o grupo ser retirado.

Na década de 60, com a ajuda do Governo Federal, os indígenas foram retirados da área e levados para uma aldeia distante mais de 400 quilômetros da região. Na época, a terra foi desocupada, vendida e loteada.

Cimi e MPF contra Parque

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) argumenta que em 1998 a terra indígena Marãiwatsede – identificada e demarcada para o usufruto exclusivo do povo xavante – foi administrativamente homologada em nome da União. O Cimi cita também um acórdão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que reconheceu serem os posseiros, fazendeiros e grileiros “meros invasores da área”. Ainda segundo o Conselho Indigenista, os não índios não têm nenhum direito a indenização ou qualquer direito àquela terra.

A subprocuradora-geral da república, Deborah Duprat, afirmou que considera ilegal a proposta de levar os índios para um parque estadual. “É inconstitucional. Os índios têm direito à terra que tradicionalmente ocupam”, comentou a procuradora. “A constituição proíbe a remoção de índios do seu território tradicional. Então, levá-los para uma área distinta daquela que foi identificada como sendo tradicional é inconstitucional”, opinou a procuradora.

Relacionadas

Pai e filho são presos por estupro de vulnerável e ameaça em Mato Grosso

Pai e filho investigados por estupro de vulnerável e ameaça em Colniza-MT, região noroeste do Estado, foram presos pela Polícia Civil, na sexta-feira (10),...

Mulher é presa com droga ao tentar visitar esposo na Mata Grande

Uma mulher de 37 anos foi presa pela Polícia Penal tentando entrar com entorpecentes na Mata Grande, neste domingo (12), em Rondonópolis-MT. Conforme informações, durante...

Organização criminosa suspeita de recolher ‘caixinha’ de facção é presa com mais de R$ 9 mil

Três homens de 21, 23 e 30 anos foram presos pela Força Tática, nesta segunda-feira (6), por constituir organização criminosa, em Rondonópolis-MT. Conforme informações, a...

Corpo de professor de matemática que estava desaparecido há 7 dias é localizado em área de mata

A equipe da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Cuiabá, por meio do Núcleo de Pessoas Desaparecidas, localizou na manhã desta sexta-feira...

Congresso Nacional derruba veto à partes da Lei do Agrotóxico

A Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, grupo que reúne mais de 80 associações da sociedade civil, alertou que a derrubada do...

Provas do Enem 2024 serão em 3 e 10 de novembro; confira o cronograma

O cronograma do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024 foi divulgado nesta segunda-feira (13). As provas serão aplicadas nos dias 3 e 10...

Motociclista tem afundamento de crânio e fica em estado grave após colisão entre carro e moto no Residencial Buriti

Um grave acidente foi registrado na tarde desta segunda-feira (13), no Residencial Buriti, em Rondonópolis-MT. Um motociclista de 47 anos ficou ferido após uma...

Deputada federal Amália Barros morre aos 39 anos

A deputada federal por Mato Grosso, Amália Barros (PL), 39 anos, morreu na madrugada deste domingo (12), no hospital Vila Nova Star, da Rede...

Trio é preso e entorpecentes são apreendidos pelo GAP no Cidade de Deus

Dois homens de 37 e 29 anos e uma mulher de 22 anos foram presos pelo Grupo de Apoio (GAP) da Polícia Militar (PM)...

Especiais

Últimas

Editoriais

Siga-nos

Mais Lidas