As vendas no comércio varejista brasileiro registraram queda inesperada de 0,5 % em dezembro ante novembro, com os consumidores mostrando-se mais contidos em suas compras diante de preços mais altos, mostraram dados divulgados nesta terça-feira (19).
O recuo visto em dezembro foi o primeiro resultado negativo após seis meses consecutivos de crescimento, e evidencia a dificuldade de recuperação da atividade econômica. Em novembro, as vendas haviam subido 0,3 % e a última queda tinha sido registrada em maio De 2012, de 0,9%.
Ainda assim, o setor fechou 2012 com alta nas vendas de 8,4%, acima do avanço registrado em 2011 de 6,7%, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
“O comércio segurou a onda da economia em 2012”, disse o economista do IBGE , Reinaldo Pereira, lembrando que a projeção é de que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha crescido apenas 1 por cento no ano passado.
Na comparação dezembro de 2011, o volume de vendas em dezembro subiu 5,0%, após avanço de 8,4 % em novembro na mesma comparação. “O comércio vem resistindo e sobrevivendo à queda do ritmo da economia. Dezembro é um resultado pontual e não significa que 2013 vai ser ruim”, disse.
Os resultados surpreenderam ao ficarem bem abaixo da expectativa do mercado, sendo que nenhum analista esperava queda nas vendas na comparação mensal, de acordo com pesquisa.
Na mediana das projeções, a expectativa era de alta de 0,85 em dezembro sobre novembro, com as contas variando entre alta de 0,20% e 1,60%.
PREÇOS MAIS ALTOS
Apesar de ter havido um recuo no volume de vendas, a receita nominal de vendas subiu 0,2% em relação a novembro, indicando que houve aumento de preços no período. No acumulado do ano, houve alta de 12,3% na receita.
“A alta da inflação deve causar desaceleração do consumo este ano, mas ainda assim a expectativa é de que continue crescendo”, avaliou o estrategista-chefe do Banco WestLB do Brasil, Luciano Rostagno, que espera uma expansão de 6,5% nas vendas neste ano.
“Acho que esses números evidenciam que o modelo de crescimento pautado no consumo está se exaurindo. O governo vai ter que buscar outras formas para estimular a economia, e deveria ser via investimentos”, completou Rostagno.
A inflação terminou 2012 em alta e acelerou em janeiro para o ritmo mais rápido em quase oito anos, o que afeta o poder de compra de famílias.