Com nova composição após uma longa batalha judicial, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) conhecida como CPI do Paletó na Câmara Municipal de Cuiabá realizou sua primeira reunião na manhã desta segunda-feira (14) e ficou definido que os integrantes vão realizar nova oitiva do ex-governador Silval Barbosa e seu ex-chefe de gabinete, Silvio César Corrêa Araújo. As datas dos depoimentos ainda não foram definidas
Silval já tinha sido ouvido na CPI em 23 de fevereiro de 2018. Agora, com a retomada dos trabalhos que estavam suspensos desde março do ano pasasdo, também serão ouvidos o ex-secretário de Indústria, Comércio, Minas e Energia (Sicme), Alan Zanata, e o servidor Valdecir Cardoso de Almeida. O alvo da CPI do Paletó é o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), por causa de fatos relativos ao período em que era deputado estadual.
Fazem parte da comissão o vereador Marcelo Bussiki (PSB) como presidente, Toninho de Souza (PSD) como relator e Sargento Joelson (PSC), na condição de membro. Os nomes dos quatro primeiros depoentes foram apresentados por Bussiki para apreciação, pois constam no requerimento do pedido de abertura de CPI, assinado por nove vereadores ainda em 2017. Por essa razão, segundo o vereador, não haveria motivos para protelar tal apreciação.
Toninho de Souza questionou a proposição sob a alegação de que precisava de conhecimento prévio de todos os documentos físicos da CPI para votar tal pedido. No entanto, Bussiki relembrou que ele já estava em posse dos documentos digitais desde a última semana e reforçou a necessidade da deliberação, uma vez que a proposta já era de conhecimento dos vereadores.
“Quando os nove vereadores assinaram o pedido de CPI, já constava a importância desses quatro depoentes para o esclarecimento do fato. Ou seja, já era de conhecimento prévio. Ninguém pode alegar desconhecimento, especialmente quem se propôs a entrar em uma CPI. Os vereadores Toninho e Joelson não foram pegos a laço. Se vieram para investigar, vamos investigar”, disse Bussiki.
Silval Barbosa deverá ser ouvido em razão do vídeo, anexado em sua delação premiada formalizada junto à Procuradoria Geral da República (PGR), em que Emanuel Pinheiro aparece recebendo dinheiro vivo entre os anos de 2012 e 2013. O dinheiro seria propina para que ele apoiasse os projetos do Executivo na época em que era deputado estadual.
Por sua vez, Silvio César Corrêa foi o responsável por gravar Emanuel Pinheiro recebendo maços de dinheiro e os colocando no paletó, enquanto o servidor Valdecir Cardoso de Almeida foi o responsável por instalar a câmera usada para a gravação.
O ex-secretário Allan Zanata será convocado por ter sido responsável por gravar um áudio junto a Silvio Corrêa, cujo conteúdo supostamente colocaria em risco a delação do ex-governador Silval e, por consequência, o vídeo em que Emanuel Pinheiro é flagrado. O áudio foi encontrado na casa de Emanuel Pinheiro durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão durante a Operação Malebolge.
Apesar da deliberação das oitivas, não foram definidas as datas para que elas ocorram, uma vez que foi concedido o prazo de 10 dias de vista do processo ao vereador Toninho de Souza, para que ele possa analisar os documentos produzidos pela comissão de trabalho da CPI anterior.