O setor do agronegócio mato-grossense está dividido quanto ao nome para representar o setor na eleição suplementar ao Senado que vai preencher a vaga da senadora Selma Arruda (Podemos), cassada por crimes de caixa 2 e abuso de poder econômico no pleito de 2018. Inclusive, o nome de Carlos Fávaro, ex-vice governador e ex-presidente da Associação de Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), está longe de ser consenso.
Aliás, o atual presidente da Aprosoja, Antonio Galvan, avalia que Fávaro está “queimado”, principalmente, por ter sido um dos responsáveis pela cassação de Selma Arruda e por sua insistência em tentar ocupar a vaga dela antes da nova eleição já determinada pela Justiça Eleitoral.
Para ele, a expressiva votação (434.972 votos) recebida por Fávaro, que ficou em terceiro lugar na disputa pelas duas vagas em 2018, ocupadas por Selma e Jayme Campos (DEM), não pesa a seu favor. E muito menos o coloca numa condição de “favorito” a receber o apoio dos produtores.
“Acredito que a eleição passada não serve de espelho para o que vai acontecer agora. Essa disputa que o Fávaro fez para tirar a Selma de todo jeito lá do Senado, queimou ele com o setor, porque o agronegócio votou bastante com a Selma, pelo histórico dela. Vejo isso com grande preocupação”, ponderou Galvan durante coletiva nesta quinta-feira (16), na sede da Aprosoja, em Cuiabá.
Vários candidatos
Antonio Galvan revelou ainda que, embora nada tenha sido definido, existem vários interessados se colocando como pré-candidatos para representar o setor agro. Mas, segundo ele, nem todos são, de fato, representantes da categoria, a exemplo de outros políticos que já ocuparam cadeiras na Câmara dos Deputados e no Senado. Dessa forma, acredita que os votos do agronegócio vão acabar divididos.
Dentre os nomes ventilados constam: Nilson Leitão (PSDB), Adilton Sachetti (PRB), Otaviano Pivetta (PDT), além do deputado federal José Medeiros (Podemos) e o ex-deputado federal Victório Galli, (Patriotas), ambos defensores de pautas voltadas aos produtores.
Nesse contexto, Galvan, que é filiado ao PDT desde 2010, coloca seu nome à disposição e garante que se for o escolhido, representará não só o agronegócio, mas o Estado como um todo, dedicando atenção às demandas de outros setores da sociedade mato-grossense.
“A gente se for candidato e, principalmente eleito, vai ter uma bandeira séria para defender e ela não é única”, pontuou Galvan ao explicar quem for eleito para ocupar a vaga de Selma não pode defender um único setor, pois o Estado não é só agricultura e pecuária.
“Tem muitas outras coisas, tem a população como um todo pra atender. São objetivos sérios e vou ser um representante legítimo. Eu posso me intitular nesse sentido. Tenho certeza que faria um dos melhores desempenho porque muitos já foram lá, na Câmara e no Senado e não mostraram essa garra. Você tem que mostrar a importância que tem isso [agronegócio], principalmente do Estado”, disse.
Disputa interna no PDT com Pivetta
Galvan revelou que tem conversado com outros interessados na disputa, inclusive, com o vice-governador Otaviano Pivetta, que vem se colocando como pré-candidato ao Senado.
“A gente ainda está discutindo, conversando com o partido. Quando a gente anunciou essa possibilidade, a gente percebe que tem o apoio maciço do pequeno e médio produtor com certeza absoluta. Toda hora a gente está recebendo cobrança no WhatsApp que é pra ir, mas são muitos os fatores para tomar uma decisão dessa”, pontou Galvan destacando que o peso político para quem ocupa uma cadeira de senador é muito grande.
Ele reconhece também que se nem ele e nem Pivetta recuar, numa eventual disputa interna no PDT, Otaviano Pivetta deve levar a melhor por causa do know-how político e sua trajetória bem sucedida como prefeito por dois mandatos de Lucas do Rio Verde (MT) e atualmente na função de vice-governador.