Depois de quase um ano impedidos de se apresentar em bares, restaurantes e casas noturnas, os músicos de Rondonópolis voltaram ao trabalho neste fim de semana. A autorização foi a grande novidade do decreto publicado na última sexta-feira pela Prefeitura do município e era aguardada com ansiedade. Porém, ainda há muita preocupação quanto à situação enfrentada pela categoria.
A reportagem conversou com o ex-presidente da Associação dos Músicos de Rondonópolis, Maximiano Ferraz de Almeida, e com o atual presidente da Associação Maestro Marinho Franco, Mariozito Franco. Os dois participaram da última reunião do Comitê Gestor de Crise e elogiaram a retomada das apresentações.
“A liberação vai garantir a sobrevivência do setor, que está à mingua. Foi ótima, mas nós artistas temos que encampar a responsabilidade cidadã na não aglomeração dos clientes”, disse Max destacando a importância dos cuidados com a biossegurança.
Mariozito pondera que os músicos já ficam naturalmente distantes do público, o que reduz o risco de contaminações. Segundo ele, apesar da liberação ser uma boa notícia a categoria aguarda outras ações para superar a mais séria crise já vivida no setor. “Foi um grande passo. Não resolve os problemas, mas já é menos ruim”.
A expectativa é de que nesta semana a Prefeitura edite um novo decreto e faça nova flexibilização, ampliando o horário de funcionamento das atividades noturnos pelo menos até a meia noite. Isso pode permitir uma remuneração maior aos músicos, que em geral recebem cachês calculados com base nas horas trabalhadas.
Mas, além do acesso ao trabalho, há também a preocupação com a assistência imediata aos profissionais que sofrem com o prolongamento da crise.
Mariozito Franco diz que muitos colegas tiveram de vender até os instrumentos musicais e estão sem condições de se manter. Alguns já enfrentam situações de restrição alimentar.
“A gente já ganha pouco, trabalhamos praticamente para comprar alimentos e até isso têm sido difícil. A maioria dos músicos tem família e vive hoje uma situação dramática”, diz Mariozito. “Seria interessante termos um programa de distribuição de cestas básicas”, sugeriu.
A Associação Maestro Marinho Franco tem realizado campanhas e desde o início da pandemia já conseguiu distribuir cerca de mil cestas básicas com o apoio de entidades como o Mesa Brasil e a Fundação Maggi.
AUXÍLIO EMERGENCIAL
Outra medida sugerida por Mariozito Franco é a criação de um auxílio emergencial municipal, nos moldes do que foi implementado por prefeituras de cidades como Primavera do Leste e Cuiabá.
“O auxílio que veio do Governo Federal, através da Lei Aldir Blanc, atendeu poucos profissionais e mal deu para pagar as contas. Seria muito bom se a gente pudesse contar com uma ajuda do próprio município, como ocorreu em muitas outras cidades de Mato Grosso e do Brasil”.