Alívio. A palavra define o sentimento de milhares de rondonopolitanos que finalmente estão recebendo a segunda dose da Coronavac após semanas numa espera angustiante. Segundo dados da Prefeitura 6.520 cidadãos estavam com o prazo vacinal vencidos. E todos serão imunizados com as 8.080 doses que chegaram no último lote enviado pela Secretaria Estadual de Saúde.
Entre os ‘aliviados’ estão o engenheiro Natalino Almeida de Lima e a professora universitária aposentada Maria Elsa Markus, ouvidos na semana passada pela reportagem do portal Agora MT. Os dois foram vacinados ontem, 48 dias depois do intervalo máximo sugerido pelos fabricantes da Coronavac (14 a 28 dias).
Natalino foi vacinado na unidade de Saúde do bairro Pedra 90. Ele foi no período da manhã. Estava preparado para esperar e até enfrentar fila se fosse o caso. Mas não precisou.
“Não tinha ninguém, fui atendido rapidamente. Agora é aguardar”, disse ele, lembrando que a imunização de fato ocorrerá dentro de 15 dias.
Além do prazo necessário ao desenvolvimento dos anticorpos, as autoridades orientam que as pessoas vacinadas continuem respeitando as medidas preventivas como o uso de álcool em gel, distanciamento e uso de máscara. Isso é necessário para evitar o risco de reinfecção e também para impedir a disseminação do vírus.
DESABAFO
A professora Maria Elsa Markus também se vacinou no período da manhã. Foi atendida pela equipe que atua na Universidade Federal de Rondonópolis, local onde ajudou a formar gerações de jovens e adultos nas últimas décadas.
A professora registrou os longos dias de espera pela vacina com postagens diárias nas redes sociais. Também usou a internet para pedir explicações aos pesquisadores do Butantã e para cobrar as autoridades – municipais, estaduais e federais.
Ontem ela voltou às redes sociais para anunciar que havia tomado a segunda dose. Agradeceu a Ciência, a equipe de vacinação e reiterou as críticas às autoridades públicas que considera responsáveis pelo descaso, pela negligência e pelo que ela define como ‘banalização da vida’.
“Presto minha profunda solidariedade a tod@s que perderam entes queridos nessa terrível pandemia, almejando ainda a quem não o fez, que tire as traves dos olhos, que enxergue e que compreenda o extermínio a que nos encontramos submetidos – NÃO É NORMAL mais de quinhentos mil mortos; milhões de contaminados, além dos hospitalizados, sequelados etc.”, disse ela numa postagem que recebeu mais de um centena de ‘curtidas’.
VACINAÇÃO
A aplicação da segunda dose da Coronavac segue hoje (25) com o atendimento das pessoas com 62 anos ou mais e deve ser concluída amanhã, alcançando a faixa etária de 60 anos. Assim encerraremos um capítulo triste no enfrentamento à pandemia que, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, não vai mais se repetir.
“Não existe mais esse risco. Acho que nós, o Brasil inteiro, aprendemos com isso. Estamos tomando todos os cuidados. Agora as doses são casadas, estamos fazendo rigorosamente a reserva da segunda dose”, disse o secretário adjunto de Saúde de Rondonópolis, Hélio Garcia.
O médico ressalta que o problema foi originado por uma orientação do Ministério da Saúde determinando que fossem aplicadas todas as doses disponíveis – medida revogada posteriormente, quando centenas de municípios já registravam atrasos na segunda dose.
“O Brasil quis acelerar demais a vacina sem estar preparado para isso. Mas a tendência agora é aumentar a oferta de vacinas e, à partir de outubro, já teremos o substrato dos imunizantes sendo produzidos aqui no país. Deveremos adiantar bastante a vacinação, mas a tranquilidade só virá quando formos autossuficientes na produção das vacinas”, avalia Hélio Garcia.
Ontem Mato Grosso recebeu 113.920 doses de vacinas da Pfizer, Janssen e também da Coronavac. A Comissão Intergestores Bipartite ainda não anunciou como será feita a distribuição aos municípios, mas já recomendou que sejam priorizadas a aplicação da segunda dose nas pessoas que foram imunizadas com a Pfizer e a Coronavac.