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Bonoto não confia em urnas eletrônicas, mas reconhece resultado da eleição

Militar de carreira e ex-secretário municipal de Segurança, Wanderlei Bonoto disse não ter provas para contestar resultado da eleição municipal; ele defende Bolsonaro e o voto impresso

Por Eduardo Ramos
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Imagem: VAR 3398 1 scaled Bonoto não confia em urnas eletrônicas, mas reconhece resultado da eleição
Vanderlei Bonoto disputou a prefeitura pela primeira vez representando grupo que se define como ‘liberal conservador’ – Foto: Arquivo

O coronel Vanderlei Bonoto foi um dos candidatos lançados pela ‘direita conservadora’ de Rondonópolis na eleição majoritária do ano passado. Militar de carreira, ele foi um dos idealizadores do Gabinete de Apoio à Segurança Pública (Gasp) e chegou a ser secretário da Prefeitura na gestão de Ananias Filho.

Em sua estreia numa disputa eleitoral Bonoto acabou sendo prejudicado pela fragmentação do seu grupo. Terminou na quinta colocação, com 1.786 votos, e reconhece o resultado da eleição apesar de repetir as críticas ao sistema eleitoral feitas pelo presidente Jair Bolsonaro.

“Destaco que nosso grupo liberal conservador, unido nas eleições 2020 defendendo a tradição (família, escola, igreja) e a mínima interferência do Estado na vida do cidadão, não confia e não confiará nas urnas eletrônicas até que estas sejam auditáveis”.

“Afirmo isso porque vivemos na sociedade em rede, que é essa estrutura social fundamentada na microeletrônica e em redes digitais, onde a segurança é um fator sensível” ressaltou ele antes de iniciar a entrevista que você verá a seguir.

PERGUNTA – Na sua opinião houve ou pode ter havido fraude na eleição municipal de 2020? Por quê?
VANDERLEI BONOTO – A nossa cidade é majoritariamente de direita, o eleitor rondonopolitano vota com a direita e é assim desde muito tempo. Se analisarmos, por exemplo, as eleições 2014, você verá que naquela falsa oposição entre Aécio e Dilma, já que PT e PSDB são todos esquerda, o eleitor rondonopolitano votou no partido de esquerda mais light em sua esmagadora maioria, no caso, votaram no Aécio Neves. Já em 2018, o Presidente Bolsonaro, em Rondonópolis, ganhou com uma margem expressiva de votos.

No caso da eleição municipal 2020, primeiro é bom a gente lembrar que essa eleição se caracterizou mais como um teste de popularidade do que propriamente avaliação das propostas dos candidatos. Nesse ponto, sou obrigado a reconhecer que a maioria dos outros candidatos concorrentes era mais conhecidos do que eu.

O nosso grupo enfrentou candidatos de todos os tipos e ideologias, mas o principal adversário era o atual prefeito que estava disputando a reeleição e que contava com toda a estrutura da prefeitura a seu favor, com o aporte financeiro de milhões de reais enviados pelo governo federal que deveriam ser utilizados com eficiência no combate ao COVID-19, além de uma massa de 30% de eleitores, que era seu curral eleitoral.

Todas as pesquisas de diversos candidatos apontavam para a reeleição do atual prefeito, evidenciando que infelizmente nossas estratégias não conseguiriam fazer frente a estrutura de poder existente e que este se reelegeria, o que acabou se confirmando.

É importante lembrar que ainda no dia das eleições surgiram notícias de votos a determinado candidato que teriam sido computados em outro município. Essas notícias nos preocupam e reforçam nosso apoio ao voto auditável. Respondendo objetivamente, em relação à fraude, como a quem acusa cabe o ônus da prova e nosso grupo não tem provas de que houve fraude nas eleições municipais de Rondonópolis em 2020, não podemos afirmar que houve, mas podemos afirmar que não confiamos nas urnas eletrônicas até que estas sejam auditáveis.

Como você vê as críticas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores ao sistema eleitoral brasileiro? Há motivos para suspeitar da lisura do processo?Veja só, se falarmos em tecnologia é certo que um dos países mais seguros do mundo é os Estados Unidos da América e até agências governamentais americanas já foram alvo de invasões por hackers (crackers na verdade), a CIA já foi invadida, o FBI, o Pentágono e até a NASA, todas essas agências governamentais americanas foram invadidas por hackers.

No Brasil, ano passado os sistemas do Superior Tribunal de Justiça ficaram fora do ar por mais de uma semana e o motivo foi o ataque de hackers. Os sistemas do STF também já foram invadidos e o mais grave, pelo que li há um hacker que se encontra preso cujo crime foi invadir os sistemas e o site do Tribunal Superior Eleitoral, ou seja, os sistemas dos tribunais são vulneráveis.

Imagem: Coronel Bonoto Bonoto não confia em urnas eletrônicas, mas reconhece resultado da eleição
Ex-candidato apoia críticas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro ao sistema eletrônico de votação – Foto: Varlei Cordova / AGORA MT

Em uma das lives apresentadas pelo Presidente Bolsonaro pudemos ver que ele trouxe relatórios emitidos pela Polícia Federal em 2016, antes mesmo que ele fosse candidato a Presidente da República, apontando vulnerabilidades no sistema de votação brasileiro.

Agora vamos refletir, se a Microsoft já foi invadida por hackers, assim como as agências governamentais dos Estados Unidos, será que eles teriam um sistema de segurança inferior ao das urnas eletrônicas do Brasil? Será que o TSE, que não conseguiu proteger seus próprios sistemas contra um ataque hacker tem capacidade técnica pra fazer uma urna efetivamente impossível de ser invadida? Assim, na nossa opinião, os apontamentos técnicos trazidos pelo Presidente Bolsonaro são graves e são concretos.

Outro fator que pode embasar as suspeitas da população sobre a lisura do processo é a contagem dos votos. Por qual motivo, afinal, os votos são contabilizados de forma secreta pela presidência do Tribunal Superior Eleitoral? Porque Ministros do STF estão nessa cruzada tão intensa para impedir que o congresso aprove que a contagem de votos se dê de forma pública? Que medo é esse de que o eleitor possa acompanhar o processo de contagem dos votos?

Nós não fazemos sequer jogo de loteria sem emissão de comprovante, porque então o voto, que vai definir o destino do nosso país por mais quatro anos não pode ter um mecanismo a mais que garanta sua segurança e garanta que a vontade do eleitor será respeitada?

Mas evidentemente, as urnas não sendo auditáveis haverá sim severos motivos para que se desconfie da lisura do processo eleitoral. Por isso nosso grupo liberal-conservador apoia o Presidente Bolsonaro, pois se no setor público é regra que tudo passe por instâncias de fiscalização e controle, porque com as urnas eletrônicas seria diferente?

Assim, todos aqueles que defendem a democracia e a lisura no processo eleitoral deveriam defender que as urnas eletrônicas fossem auditáveis, independente de viés ideológico.

A ausência de dúvida no processo eleitoral, para quem perdeu e para quem venceu a eleição, é primordial para que não haja risco à democracia brasileira.

A ausência do voto impresso é o maior problema do sistema eleitoral? Que alterações podem ser feitas para melhorar as eleições no país?
É uma discussão complexa, mas a ausência do voto impresso não é o único problema, o sistema precisa ser constantemente aprimorado. Entendemos que o voto impresso e a apuração pública do resultado das eleições trariam mais confiabilidade ao sistema eleitoral brasileiro.

A biometria, por exemplo, foi implementada e já foi uma medida interessante, soube de um caso em que o eleitor tinha dois títulos eleitorais, era um estelionatário que tinha duas identidades e dois títulos eleitorais e foi descoberto graças à biometria. Houve o confronto datiloscópico e foi possível descobrir que as digitais eram idênticas, portanto, produzidas pelo mesmo eleitor, então foi uma medida que trouxe mais confiabilidade ao processo eleitoral.

Mas isso não é suficiente, é preciso ter sempre mais meios de garantir a segurança do voto do eleitor. Nós vimos em uma das lives do Presidente Bolsonaro que não seria possível auditar, por exemplo, o caminho do voto desde a urna até a totalização. Que não seria possível garantir que os boletins de urnas estivessem corretos. E outra coisa, a transmissão dos votos é feita pela internet. Agora você veja, nós temos a deepweb, o lado negro da internet, onde hackers cometem e negociam todo tipo de crimes, acha então que não seria possível capturar uma transmissão de votos? E não é só isso, vamos ver também que a mídia que é inserida na urna eletrônica é apenas um pen-drive. Suma ou adultere um lote de pen-drive daqueles e teremos com certeza uma sensível alteração no resultado do pleito eleitoral. Na eleição para a presidência da república, por exemplo, com diversos interesses de grupos envolvidos querendo o poder a todo custo, você acha realmente que isso seria impossível de acontecer?

Então, o voto impresso, a possibilidade de controle e fiscalização é um dos problemas, pois nosso sistema eleitoral de fato é uma receita para a desgraça, esse sistema proporcional que elege políticos que não foram votados pelo povo, esse excesso de partidos políticos onde muitas legendas só existem para receber o fundo partidário e o fundo eleitoral, para negociar cargos e tempo de televisão, com raras exceções servem aos interesses da sociedade, pois geralmente tem um dono, o cacique partidário.

Para melhorar o sistema eleitoral seria necessária ainda uma reforma eleitoral, com a revisão desse fundo eleitoral, com a implantação do voto distrital que iria aproximar o eleito do eleitor, trazendo, por consequência, o fortalecimento da representação política, já que seria mais fácil para o eleitor a fiscalização do trabalho dos políticos eleitos.

Também seria preciso que a população se interessasse pela política, inclusive lançando seus nomes para a disputa de cargos eletivos, com isso seria possível uma renovação, uma oxigenação na política brasileira.

A democracia brasileira está em risco? Por quê?
Sinceramente, acredito que sim, vejo por exemplo, um Congresso Nacional que infelizmente não representa os interesses do povo brasileiro, por um problema do sistema eleitoral que já abordei. O Congresso Nacional é uma instituição de Estado, digna do mais alto respeito, é a representação materializada da soberania do Povo Brasileiro, mas infelizmente tem muitos parlamentares que não deveriam sequer passar próximo daquelas casas (Senado e Câmara).

Agora a CPI da Pandemia, por exemplo, uma das CPIs mais importantes da história do Legislativo Nacional está sendo conduzida por um parlamentar que, segundo o que foi noticiado pela mídia, teve dois irmãos e a esposa presos por desvios de dinheiro da saúde no amazonas. Também temos notícias de que o relator é investigado por inúmeros escândalos de corrupção, que responde a mais de 15 inquéritos em trâmite na Suprema Corte. Além disso, diversos outros parlamentares respondem por crimes, no entanto estão lá no Congresso Nacional enquanto seus processos seguem parados no STF. Vamos relembrar que a operação lava jato condenou mais de 100 figuras políticas, enquanto o Supremo Tribunal Federal condenou acredito que um ou dois empreiteiros e nenhum político.

Por outro lado, temos um Supremo Tribunal Federal que no nosso entendimento está se portando não como uma Corte Constitucional, mas sim como um partido político de oposição. Ora, quem acompanha a TV justiça já presenciou o Ministro Gilmar Mendes “recomendando” ao Ministro Luiz Roberto Barroso que fechasse seu escritório de advocacia. Por outro lado, o Ministro Barroso, tão logo nomeado para o Supremo Tribunal Federal, ao dosar a pena de José Genoíno do PT na Ação Penal 470 chegou a declarar que pessoalmente lamentava julgar pessoa que lutou pela redemocratização do Brasil, lembrando que a luta do José Genoíno e sua turma era para implantar o comunismo e não pela democracia do Brasil.

Para concluir, o ex-presidente Lula, depois de ser julgado e condenado pelo juiz de 1º grau e por dois colegiados, o STF decidiu que o juiz era imparcial e incompetente para julgar o caso. Porque não falar ainda da prisão do jornalista Oswaldo Eustáquio, evidenciando que dependendo de quem se manifesta poderá ser ou não preso, caracterizando o Supremo Tribunal Federal como uma Corte de justiça seletiva.

Então respondendo objetivamente: eu acredito, sim, que nossa democracia esteja ameaçada inclusive pelo ativismo judiciário, já que a Suprema Corte age como se fosse um partido político, pois no nosso entendimento ela foi aparelhada e está dominada por ministros nomeados para legitimar um projeto de poder político desenvolvido pela esquerda, PSDB e PT.

Assim, quando um poder quer se sobrepor sobre os demais, interferindo inclusive em questões interna corporis, coloca a democracia em risco, desfigurando o que Montesquieu nos ensinou quando tratou da clássica tripartição dos poderes nas suas obras “O Espírito das Leis” e “Cartas Persas”, que são de fundamental importância para respeitarmos a tripartição dos poderes, também chamada de sistema de freios e contrapesos.

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