Numa ação inédita o Facebook e o Instagram decidiram retirar do ar ontem (25) a live semanal transmitida na última quinta-feira (21) pelo presidente Jair Bolsonaro. No vídeo ele divulgou informações falsas, relacionando a vacina contra a Covid-19 à contaminação por Aids. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) também pediu que a Live seja investigada pelo Supremo Tribunal Federal
Os representantes do Facebook, informaram que a exclusão ocorreu devido as políticas da empresa visando impedir a distribuição de fake News que põem comprometer a segurança da população. “Nossas políticas não permitem alegações de que as vacinas de Covid-19 matam ou podem causar danos graves às pessoas.”
Durante sua live semanal, Bolsonaro leu uma suposta notícia que alertava que “vacinados [contra a Covid] estão desenvolvendo a síndrome da imunodeficiência adquirida [Aids]”.
Médicos, no entanto, afirmam que a associação entre o imunizante contra o coronavírus e a transmissão do HIV, o vírus da Aids, é falsa, inexistente e absurda.
Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo Jamal Suleiman, infectologista do Instituto de Infectologia Emilio Ribas, destacou que as vacinas da Covid não utilizam nenhum fragmento de HIV em sua composição.
Denise Garrett, epidemiologista e vice-presidente do Instituto Sabin (EUA), reforça: “Não tem nenhuma possibilidade ou plausibilidade dessas vacinas fazerem isso. A afirmação é absurda e anticientífica.”
Esta é a primeira vez que a empresa remove uma live semanal do presidente. Até hoje o Facebook só tinha derrubado um post de Bolsonaro relacionado à pandemia: um vídeo de março de 2020 em que ele citava o uso de cloroquina para o tratamento da doença e defendia o fim do isolamento social.
STF
Também ontem (25) o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) fez requerimento em que pede à CPI da Covid que envie o inteiro teor desses fatos ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). O parlamentar quer que o assunto seja incluído no inquérito das fake news, tocado por Moraes.
“Trata-se de uma das diversas ocasiões em que o chefe do executivo federal vem espalhando notórias fake news, criando grandes obstáculos ao enfrentamento da pandemia”, diz o requerimento.
Alessandro Vieira condena o mau exemplo do político mais poderoso do país. “Como cobrar do cidadão comum o indispensável cumprimento das determinações legais se o presidente não o faz?”, questiona o senador em seu requerimento. “A consequência, como sabemos, é o aumento do número de infectados, doentes e mortos”.
No texto, Vieira diz que se Bolsonaro não fosse presidente “a persistência do cometimento de infrações penais já seria suficiente para “decretar sua prisão preventiva”.