A guerra entre Rússia e Ucrânia trouxe o medo da volta da inflação em todo o mundo, especialmente no que tange aos alimentos. Aquele é o maior exportador de trigo do mundo, enquanto este é o quarto. Com o conflito, ambos diminuíram a oferta do produto, fazendo o preço do trigo subir 40%.
O dólar, por seu turno, vem caindo. O Real valorizou-se perto de 20% em relação à moeda americana. Nesta semana, US$ 1 chegou a ser vendido por R$ 4,85. Isto está acontecendo porque, com a guerra, outras commodities se valorizaram no mercado internacional, como o milho e a soja. Exportadores que somos desses produtos, mais dólares entraram em nossa economia.
Ainda, o Brasil continua a ser campeão em pagamento de juros. A taxa Selic na casa dos dois dígitos (atualmente, está em 11,75% a.a.) atrai especuladores internacionais, mormente quando diversos fundos de investimentos estão saindo da região do conflito. Com isto, mais dólares entram na economia, produzindo a alta do Real. Mas a queda do dólar não compensa o incremento no preço do trigo e, por isso, o pãozinho deve sofrer alta nos próximos dias.
Essa lógica vale para todos os produtos em que não somos autossuficientes, como remédios (90% da química utilizada pela indústria farmacêutica brasileira é importada), derivados de petróleo (somos autossuficientes na extração de petróleo, mas não temos refinarias que bastem para a produção de seus derivados, como a gasolina e o óleo diesel), fertilizantes.
Quanto a estes últimos, outros fatores devem afetar sua cotação. Logística, escassez na oferta e estoques baixos podem encarecer muito o nitrogênio, fósforo e potássio que nosso agro precisa para continuar produtivo. E se faltar fertilizantes, podemos ainda sofrer queda na safra. É! O melhor seria essa guerra acabar logo.