Celebramos o Dia do Livro Infantil nesse 18 de abril. A data foi escolhida por marcar também o nascimento do maior escritor brasileiro do gênero, Monteiro Lobato. Mas será que temos o que comemorar? Não, infelizmente.
Segundo o último levantamento do Instituto Pró-Livro, o brasileiro lê, em média, 4,96 livros por ano. Contudo, nem metade deles é lida do início ao fim; apenas 2,43 livros são visitados de capa a capa. A leitura, ao que parece, não é uma prática de lazer, como ouvir música ou assistir televisão.
Como resultado, vemos o baixo nível educacional de nossos jovens, aferido pelo PISA (sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Alunos), uma metodologia internacional que avalia os sistemas de ensino em todo o mundo, medindo o nível educacional de jovens de 15 anos por meio de provas de leitura, matemática e ciências, aplicadas pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o famoso “clube dos países ricos”. E estamos mal nessas três áreas.
Na última rodada de provas aplicadas, metade dos alunos brasileiros com 15 anos ficou no nível 1 de leitura, o mais baixo numa escala que vai de 1 a 6. Ou seja, o jovem brasileiro não consegue ler de verdade. Ele decifra a escrita, mas não consegue absorver seu conteúdo. É o conhecido analfabetismo funcional. Sem ler, o jovem brasileiro não consegue abstrair o pensamento e, como consequência, não vai bem nas provas de matemática.
Os países que estão no topo da lista de leitura são: Finlândia (média de 14 livros lidos por ano/habitante), Canadá (média de 12 livros lidos por ano/habitante) e Coreia do Sul (média de 10 livros lido por ano/habitante). E há uma correlação indissociável no nível de desenvolvimento social e econômico nesses países. O segredo é a leitura!
O estímulo à leitura em tenra idade pode trazer desenvolvimento significativo na cognição da criança, estimular a abstração, aumentar o vocabulário, a compreensão do texto e a ortografia. Jovens que não sabem escrever (como resultado de uma infância sem livros) não conseguem se colocar bem no mercado de trabalho. Desenvolvem atividades laborais de esforço físico sem muita complexidade e recebem, por isso, as remunerações mais baixas.
O fato de não termos o que comemorar não pode servir de desculpas para não fazermos nada. Que tal comprar um livro infantil e presentear uma criança hoje? Lembro-me até hoje do primeiro que ganhei. Minha tia “Têra” ofertou-me um exemplar de “O Cachorrinho Samba”, de Maria José Dupré. Passados mais de 4 décadas, ainda me lembro daquele dia. Marque a vida de uma criança: oferte-lhe um livro. E faça isso o quanto antes. Estamos atrasados em relação ao mundo.