Estou enojado. Causou-me verdadeiro asco a atitude do Procurador do município de Registro, no interior paulista, Demétrio Oliveira Macedo, de 34 anos, que agrediu a colega, a Procuradora-Geral Gabriela Samadello Monteiro de Barros, de 39. Uma outra colega de trabalho gravou as agressões e o vídeo viralizou nas redes sociais.
Nas cenas, o troglodita aparece batendo com socos e chutes uma mulher que estava já caída ao chão. Outras mulheres tentam-no impedir as agressões, mas sem sucesso. Uma delas, inclusive, é jogada contra uma porta e bate com as costas na maçaneta, ferindo-se. Outras pessoas ouvem os gritos e vêm em socorro da vítima.
O covardão, que já foi afastado dos seus afazeres e teve o salário cortado pelo Prefeito daquele município, afirmou que partiu para a porrada contra sua chefe porque ela estaria praticando assédio moral em relação a ele há algum tempo. Imaginemos que proceda a denúncia. Quando foi que a violência virou resposta a algum desentendimento em ambiente de trabalho?
O ato pusilânime guarda estreita correlação com o câncer social brasileiro, o machismo. Essa praga maldita faz com que o Brasil seja, em números, absolutos e relativos, o pior país das américas para uma mulher viver (ou sobreviver). Somos campeões em casos de estupro, violência doméstica, que, em muitos casos, evoluem para feminicídio. Poucos são os cargos de chefia ocupados por mulheres e, quando desempenham a mesma função que um homem, recebem, em média, 65% do salário deles.
O moleque raivoso das agressões age partindo da ideia abjeta de que é um absurdo uma mulher ocupar uma posição ou função de mando. Ele é o que de pior existe em ambientes de trabalho. Tipos como o dele tendem a achar normal o assédio sexual. Acreditam que têm o direito de dar uma passadinha de mão nas colegas de trabalho. Gente assim não cabe em estruturas laborais, especialmente no serviço público.
Fizeram bem em afastá-lo, e espero que o processo administrativo instaurado para apura sua conduta resulte em sua demissão, a bem do serviço público. Não basta sermos contrários ao machismo em opinião, apenas. É preciso rechaçá-lo com a veemência que o caso requer. E chega de violência, pelo amor de Deus e das mulheres, também.