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OPINIÃO DO LEITOR

Os grotescos “lapsos” nas pesquisas

Via: Manoel Carlos

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Manoel Carlos, auditor estratégico político e pesquisador em Mato Grosso – Foto: Divulgação

A novidade da segunda-feira, dia 03/10, dia seguinte das eleições, foi o requerimento elaborado pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES) para abrir uma CPI contra os institutos de pesquisa. O que motivou essa ação foram os erros rudes de institutos como DataFolha, IPEC e o IPESP, que colocaram a diferença de Lula para Bolsonaro em 14 pontos percentuais, em média. De fato, os erros grotescos vêm ocorrendo desde 2018, mas o interessante é que eles privilegiam apenas um lado – e não precisamos falar qual é. O mesmo ocorreu para outros cargos em diversos estados do Brasil. Os erros podem ser casuais, por incompetência deliberada ou simplesmente por pura má fé, mas quem deverá dizer qual é a razão dessas ocorrências é uma investigação.

Vale a pena trazer a questão para o nosso estado: como se saíram os institutos de pesquisas de Mato Grosso nestas eleições? As pesquisas que aferiram a disputa para a presidência foram feitas por dois institutos: o IPEC (antiga IBOPE), contratado pela TV Centro América, e o Gazeta Dados.

O IPEC dedicou-se à três pesquisas em Mato Grosso. A primeira, divulgada no dia 31 de agosto, mostrou que Jair Bolsonaro estava com 47% e Lula com 30% na espontânea; e na estimulada há um leve crescimento para ambos os candidatos, Bolsonaro com 49% e Lula com 31%. A segunda pesquisa foi publicada no dia 15 de setembro, os números são: 43% para Bolsonaro e 34% para o Lula na espontânea; e 45% para Bolsonaro e 36% para o Lula na estimulada. Percebe-se um movimento descendente na intenção de votos para Bolsonaro e um crescimento para o Lula. No dia 01 de outubro, foi apresentada a última pesquisa pelo IPEC em nosso estado. Os dados são os seguintes: Bolsonaro com 49% e Lula com 36% na espontânea; Bolsonaro com 52% e Lula com 32% na estimulada. Para compreender melhor os dados, colocarei apenas os resultados das estimuladas no gráfico abaixo (imagem de domínio público):

Imagem: hhh Os grotescos “lapsos” nas pesquisas

A apuração do primeiro turno nos mostrou que, em Mato Grosso, Bolsonaro obteve 59,84% e Lula 34,39% dos votos, diferença de mais de 25%. A margem de erro da última pesquisa IPEC era de 3 pontos percentuais. Sendo assim, dentro dessa margem, a IPEC acertou com o Lula, mas errou – para baixo – com o Bolsonaro.

O mesmo ocorreu com o Instituto Gazeta Dados. No dia 25 de agosto, foi lançada a primeira pesquisa, os dados da estimulada são: Bolsonaro com 45% e Lula com 46%. É isso mesmo… Segundo o Gazeta Dados, Luiz Inácio da Silva estaria na frente de Jair Bolsonaro. A segunda pesquisa foi publicada no dia 26 de setembro, quase um mês depois da primeira. Os dados foram: 54,55% para Bolsonaro e 36,36% para Lula. A margem de erro era de 3%. Conforme a apuração do primeiro turno, Gazeta Dados errou – para baixo novamente – com Bolsonaro e errou também com o Lula – mas para cima… Estranho, não?!

Os erros se estendem para os demais cargos disponíveis nestas eleições. A última IPEC divulgada colocou o senador Wellington Fagundes com 49% dos votos, sendo que ele conquistou a reeleição com 63,54%. O erro foi largo também com Antônio Galvan que, segundo o IPEC, estaria com 13%, todavia, recebeu 25,95% dos votos.

O que se sabe, de fato, é que as pesquisas tem uma forte influência na escolha dos votos pelos eleitores, por essa razão devem ser feitas de modo responsável e profissional, sem paixões ou quaisquer intervenções ideológicas. Para citar um exemplo acerca de como as pesquisas podem interferir na decisão do eleitor, vale a pena puxar o caso recente que ocorreu no Paraná.

Novamente o IPEC, em pesquisa naquele estado, divulgou no dia 1 de outubro o seu release com os resultados para diversos cargos. Para governador, o Ratinho Jr. apontava com 62%, mas na apuração obteve 69,6%. O erro mais grave ocorreu com os candidatos ao Senado. Segundo o IPEC, Álvaro dias estava com 41% da intenção de votos, Sérgio Moro com 35% e Paulo Martins com 14%. A realidade revelada depois do término da votação foi que Álvaro Dias obteve 23,94%, Sérgio Moro 33,5% e Paulo Martins 29,12%. É evidente que, por conta do que a pesquisa relatava, ocorreu o chamado voto útil, ou seja, quando o eleitor abre mão de votar no seu candidato para eleger um que, na opinião dele, é menos pior. Parte dos votos que teriam sido do Paulo Martins foram para o Sérgio Moro, com o intuito de não eleger Álvaro Dias, que é de esquerda (social democrata). Na última terça-feira (4), o IPEC se explicou alegando um erro de digitação no relatório. A justificativa foi considera absurda pelo candidato Paulo Martins que denunciou os erros do instituto nos levantamentos realizados no Paraná e no Brasil.

As suspeitas não pararam no primeiro turno, aliás, o IPEC continua realizando pesquisas e apresentando números no mínimo contraditórios. Afinal, em seu primeiro levantamento neste segundo turno, Bolsonaro foi posto com 42% e Lula com 51%, isto é, o Presidente Bolsonaro estaria 9% atrás do ex-Presidente Lula. E, para confirmar a contradição, outro instituto, o Poder Data, divulgou sua pesquisa apontando empate técnico entre Bolsonaro e Lula no segundo turno: Lula obtendo 52% dos votos e Bolsonaro com 48% – considerando a margem de erro já não há diferença entre os candidatos.

Não sei ao certo o motivo ao qual fundamenta os erros desses institutos, porém, todos nós temos o direito de suspeitar de qualquer coisa, porque não é um erro ínfimo, pelo contrário, em alguns casos custou caro aos eleitores e até mesmo a alguns candidatos, como é o caso do Paulo Martins. A suspeita é legítima e se estende aos demais institutos nacionais, inclusive os de Mato Grosso. Espero que seja aberta uma CPI para investigar as pesquisas que fugiram da realidade eleitoral das urnas e que, conforme as decisões do próprio STF, sejam enquadradas como Fake News. Além disso, devem também estar no centro das investigações a Folha de São Paulo e a Rede Globo, pois foram os principais contratantes e divulgadores de pesquisas no país.

Artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores, não representando necessariamente a opinião editorial do AGORA MT

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