Lula quer emprestar dinheiro aos importadores argentinos para financiar a compra de produtos de empresas brasileiras. Quebrada como está a economia dos “hermanos”, a Argentina não tem dólares disponíveis para manter as compras internacionais, retirando-a, por assim dizer, do mercado de consumo mundial. Em ano eleitoral por lá, Lula quer dar uma força para o grupo político do colega Alberto Fernandez, a fim de que consiga fazer seu sucessor. O duro é que isso pode custar caro para a gente.
É que o empréstimo anunciado não tem ainda nenhuma certeza plausível de pagamento. Fernandez pretendia ofertar, como garantia do mútuo, títulos da dívida pública argentina, papel que pouco ou quase nenhum valor tem no mercado internacional por conta de debilidade das contas públicas do governo daquele país. É este imbróglio que os governos brasileiro e argentino tentar resolver. Se bem que o Lula é dado a realizar empréstimos com alto risco.
Depois de aberta a “caixa preta” do BNDES por determinação da Justiça Federal em 2014, descobriu-se a gastança de dinheiro público para financiar grandes obras de engenharia no exterior (por que será, hein!?). Ao menos 2.000 empréstimos para o estrangeiro foram feitos pela instituição, com garantias ínfimas de pagamento. Foi uma farra para empreiteiras brasileiras como Andrade Gutierrez, OAS, Camargo Correia, Queiroz Galvão e, claro, a todo-poderosa Odebrecht. Das 20 maiores obras financiadas pelo BNDES no estrangeiro, a maior parte foi para a empreiteira:
1) BRT em Maputo e Aeroporto de Nacala, em Moçambique;
2) Segunda Ponte sobre o rio Orinoco e metrô de Caracas, na Venezuela;
3) Metrô e autopista Madén-Colo, no Panamá;
4) Hidrelétrica de Chaglla, no Peru;
5) Hidrelétricas de Manduriacu e San Francisco, no Equador; e claro
6) Porto de Mariel, em Cuba.
Por essas obras, a empreiteira pagadora de propina nos escândalos do “Mensalão” e do “Petrolão” recebeu o volume de US$ 6,404 bilhões que, convertidos para o Real pela cotação de hoje, dá nada menos que R$ 32,148 bilhões de reais.
E sabe o que é o pior? É que o BNDES não tem agências, não é banco de varejo, não capta dinheiro no mercado como fazem as outras instituições. De onde viria, então, o dinheiro que o BNDES empresta? Inicialmente, ele se financiava operando o Fundo de Amparo ao Trabalhador, basicamente formado pelo recolhimento dos tributos sociais, como PIS, PASEP e CSLL. Na prática, Lula pegou o dinheiro das pequenas empresas que pagam tais impostos para emprestar com juros subsidiados a grandes empreiteiras ou empresários (os irmãos Joesley e Wesley “Safadão” Batista que o digam!). Uma espécie de Robin Hood às avessas!
Mas, a partir de 2009, o Tesouro Nacional passou a transferir recursos ao BNDES. O grande problema com isto é que o Tesouro não tem dinheiro em caixa para repassar ao BNDES e, por isso, emite títulos da dívida pública, atualmente pagando 13,75% ao ano, enquanto o Banco o empresta aos amiguinhos do governo a 5% ao ano. Assim, se eram os pequenos empresários que bancavam os empréstimos do BNDES com o pagamento de tributos sociais, atualmente, é o conjunto todo da sociedade brasileira que arca com tais operações de crédito arriscadas e deficitárias. E a tendência é só piorar. Lula é como Getúlio Vargas mesmo: é pai dos pobres, mas mãezona dos ricos!