Se viajar é produzir memória, Lula já deve ter enchido o HD da sua cachola. Em cinco meses de governo, já foi seis vezes para o estrangeiro, com o custo de R$ 12 milhões ao erário federal, valor com o qual seria possível construir um conjunto habitacional popular com 200 casas. Já que gosta tanto do exterior, devia concorrer ao cargo de embaixador, não o de presidente. Mas vamos lá.
Hoje ele está no Brasil, o que é raro, e deve conversar com as ministras Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, e Sonia Guajajara, dos Povos Indígenas. Ambas assistem à desidratação de suas respectivas pastas por parte do Congresso Nacional, que aditou as Medidas Provisórias que as criaram, com a concordância de Lula, retirando poderes das ministras. O Meio Ambiente não administra mais o CAR (Cadastro Rural Ambiental) e foi preterido na discussão da possível extração de petróleo no campo recentemente descoberto na foz do rio Amazonas. Quanto ao Ministério dos Povos Indígenas, não será este o órgão que demarcará as Terras Indígenas, mas o Ministério da Justiça.
Ambas as ministras passaram a ser membros decorativos do governo, uma espécie de “brocha” de seriedade para inglês ver. O presidente assiste o apequenamento de Marina Silva, numa espécie de “Vale a Pena Ver de Novo”. Em 2008, sabotada dentro do próprio governo Lula, ela deixou o Ministério do Meio Ambiente e o próprio Partido dos Trabalhadores para fundar o seu, o Rede Sustentabilidade e concorrer à presidência contra a preferida de Lula, Dilma Rousseff.
Guajajara também está na bronca com Lula por conta da inércia de Lula diante do movimento dos parlamentares que aprovaram requerimento de urgência para a votação do projeto de lei que estabelece o marco temporal para a fixação dos limites das Terras Indígenas. O assunto está em análise pelo STF, mas o processo pode ser extinto por perda de objeto se o Congresso votar o marco temporal.
Na conversa que terá com elas hoje, Lula vai tentar passar mel na boca de suas ministras, para ver se acalma os ânimos de ambas. Vai precisar de muito, viu. As ministras estão machucadas. O presidente deixa de gastar energia no diálogo político com o parlamento para dispendê-la em explicações para subordinados. Tá tudo às avessas mesmo!