Inauguramos setembro (hoje é dia 1º) para celebrarmos 71 anos desde a primeira publicação do livro “O Velho e o Mar”, do escritor americano Ernest Hemingway. Escrito em Cuba, ilha para a qual migrara Hemingway, a obra nos convida a enxergarmos que aquilo que sonhamos encontrar na verdade já temos em nossa vida.
No enredo de “O Velho e o Mar”, Santiago, um pescador local, é encorajado por um amigo, Manolin, a se lançar ao mar à procura de peixes. Ele vai com sua canoa então e, consegue fisgar um enorme Marlin de 700 kg que o arrasta para mar aberto. Por dias, Santiago se vê na luta com o grande ser marinho, mas não desiste, permanecendo agarrado à vara de pesca por dias a fio. Já com escaras nas mãos e nas costas, com fome e sede, ele vence a batalha, mata o peixe e o amarra ao lado de sua pequena embarcação a fim de voltar à praia.
Nesse regresso, porém, ele é atacado por tubarões, que pretendem devorar-lhe o pescado. Os predadores vão aparecendo de quando em quando e, em cada uma das vezes, Santiago luta com tenacidade para afastar os inimigos. Depois de alguns dias, ele consegue chegar à praia e, ao olhar para seu troféu, nada enxerga além de seu esqueleto: o peixe havia sido comido no caminho de volta. Desolado e sem forças sequer para ficar em pé, Santiago se sente derrotado e envergonhado e, só neste momento, nota o que sempre teve ao seu lado, mas não valorizava antes dessa experiência: a solidariedade de sua comunidade, que o abraça e o leva para casa.
Quantas vezes nos lançamos para o “mar aberto” desconhecido em busca de coisas que, na prática, já possuíamos e não valorizávamos. Já ouvi diversos amigos que se divorciaram afirmarem que, se pudessem voltar no tempo, não teriam se separado de seus cônjuges porque, em verdade, o que procuravam em um novo relacionamento já tinham de fato no primeiro. Já ouvi de colegas de trabalho que se aventuraram atrás de ofertas mirabolantes de salário e que acabaram percebendo que, no emprego que tinham, havia muito mais que salário.
Hei, não estou querendo dizer que não vale a pena sonhar ou buscar mudanças significativas em sua vida. O que pretendo com o texto de hoje, querido leitor, é encorajá-lo a notar o que de bom você já possui, no seu emprego, na sua casa ou igreja. Árvore que muda muito de lugar não dá fruto. De minha parte, já realizei mudanças abruptas na vida. As que deram certo sempre vieram acompanhadas de um olhar mais acurado sobre o que de bom eu já possuía e, com isto, pude aferir melhor se a oportunidade que se me apresentava valeria mesmo a pena.
Espero que você faça o mesmo. E, para encorajá-lo, deixo um verso da música “Fogão de Lenha”, de autoria de Carlos de Carvalho Colla, Durval de Lima (Xororó) e Mauricio Barroso Neto Duboc, clássico da dupla Chitãozinho e Xororó. Retrata o sentimento de quem sai à procura de alguma coisa que já possuía em casa, mas não a notava. Bom desfrute e bom final de semana!
Hoje eu já sei, ó mãe querida
Nas lições da vida eu aprendi
O que eu vim procurar aqui distante
Eu sempre tive tudo e tudo está aí
