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Candidatos dizem guardar fortuna de R$ 1 bi em casa

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Os candidatos às eleições 2012 dizem ser proprietários de um verdadeiro cofre do Tio Patinhas. Ao todo, as declarações de bens registradas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) somam mais de R$ 1 bilhão em dinheiro vivo, fora de banco ou de qualquer fundo de investimento, dentre os R$ 62 bilhões totais declarados. Em notas de R$ 10, o valor seria suficiente para preencher mais de 30 contêineres e pesaria 100 toneladas.

É quase três vezes mais do que os candidatos declararam ter em caderneta de poupança: R$ 362 milhões. O valor também é superior a outros tipos de investimento, como renda fixa (R$ 473 milhões) e ações (R$ 392 milhões).

Mas este valor pode ser fictício. Segundo contadores, é uma prática usual deixar um “caixa” de dinheiro vivo, fora do banco, na declaração do Imposto de Renda, mesmo que o valor não exista de verdade. Isso ocorre quando os gastos declarados são menores que as receitas. Ao longo do tempo, o dinheiro acumulado na declaração pode ser usado para justificar investimentos para a Receita Federal.

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O presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis de São Paulo, José Maria Alcázar, afirma que “este valor não é sobra de dinheiro, porque ninguém mais deixa dinheiro em espécie guardado debaixo de colchão”.

— Fisicamente, esse dinheiro não existe, senão estaria aplicado em algum lugar. A pessoa pode ter omitido despesas, como viagens e gastos que não precisam constar na declaração e acha que com esse dinheiro vai poder justificar a compra de um imóvel, barco, mansão.

No total, 28 mil candidatos declararam ter dinheiro em casa. Mas somente 10% deles são responsáveis por 60% do montante total, de R$ 1,027 bilhão. São 2.006 pessoas que disseram ter mais de R$ 100 mil em dinheiro vivo. Acima de R$ 1 milhão em espécie, são 33 candidatos.

No topo da lista do TSE está Juarez Gontijo, o Juarez da Papelaria Comercial, candidato a vereador pelo PTdoB no município de Inhumas (GO). Segundo os registros, ele teria “debaixo do colchão” R$ 128 milhões. Mas, de acordo com o candidato, novato nas eleições, o valor informado está errado. O correto seria R$ 128 mil.

— É zero demais da conta.

Devido ao engano, o comerciante afirma que já foi até ameaçado por telefone.

— Eu passei muita dificuldade com isso, muito medo. Mas não tem lógica um candidato a vereador em uma cidade pequena [ter este valor em espécie]. Mas o Brasil é cheio de coisa estranha, dá para entender [que as pessoas acreditem que o valor é de R$ 128 milhões].

Segundo ele, os R$ 128 mil também não existem em espécie.

— Dinheiro guardado não tem. Quando a gente faz declaração de Imposto de Renda, vai acumulando ‘dobrinha’ que tem direito a não pagar imposto. Aí, tem esse dinheiro, coisa de papel, que vai guardando.

Atrás do dono da Papelaria Comercial, aparece Jair Correa, o Nozinho Correa, candidato a prefeito de Linhares (ES) pelo PDT. Pecuarista, ele declarou ter R$ 4,5 milhões em dinheiro vivo. Em entrevista para o site da revista Carta Capital, Correa afirmou nunca ter visto o valor. Depois, retificou o que disse. Segundo ele, o negócio de gado movimenta valores altos e é possível que o montante tenha ficado disponível em dinheiro vivo.

Ilegal

O presidente do Sindicado dos Contabilistas de São Paulo, Victor Galloro, explica que ter tanto dinheiro em casa “não é comum, mas pode acontecer”.

— Depende da circunstância, do ramo. Se o sujeito vendeu a casa em 31 de dezembro e recebeu em dinheiro, por exemplo, pode declarar para a Receita que o valor ficou em caixa.

Mas, se o dinheiro não existir, a declaração é ilegal, segundo Alcázar, do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis de São Paulo.

— Perante a Receita, isso se chama simulação. É ilegal. É um dinheiro que não tem sustentação para nenhum uso futuro em qualquer investimento. É uma estratégia ultrapassada e uma orientação de risco para o contribuinte.

O contador explica ainda que o fisco tem autuado contribuintes que usam dinheiro vivo fictício para justificar investimentos.

A Receita Federal foi procurada pela reportagem, mas não se manifestou até o fechamento da edição.

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