A CPI da Pandemia aprovou nesta quarta-feira (23) requerimentos de convocação de representantes do Facebook e Twitter e do Google para explicar suspeitas de irregularidades em postagens do presidente Jair Bolsonaro. Os senadores também aprovaram requerimentos de informações e quebras de sigilo relacionadas à compra de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin, a um preço 4 vezes maior que o do imunizante da AstraZeneca.
Há indícios de que o contrato para a compra da Covaxin, fechado no valor de R$ 1,6 bilhão com intermediação da empresa Precisa Medicamentos, teria sido assinado a um preço 1.000% mais alto que o previsto inicialmente. O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), chamou de “informações gravíssimas” as apurações que já têm sido feitas sobre o caso.
“Foram ações deliberadas para trazer a Covaxin, a vacina mais cara com o calendário mais alongado. A única aquisição que teve um “atravessador”, a empresa Precisa. Uma operação suspeita, e por isso ouviremos na sexta-feira [25] o diretor do Ministério da Saúde [referência ao servidor Luis Ricardo Fernandes Miranda] que cuidou dessa importação. O próprio presidente da República estava diretamente envolvido na operação, porque havia mandado mensagens e telefonado ao primeiro-ministro da Índia”, afirmou Renan.
A fala do relator revoltou o líder do governo, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), que classificou-a de “ilação” e “prejulgamento”. Mas para o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a declaração de Renan é respaldada por documentos já recolhidos pela CPI.
Randolfe informou nesta quarta, após o encerramento da reunião, que a CPI vai pedir segurança para o servidor do Ministério da Saúde e para o irmão dele — o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), que também deporá à CPI sobre o contrato da Covaxin e anunciou ter revelações importantes sobre o caso.
“As informações que o deputado está declinando à imprensa e que trará a esta CPI são de extremo interesse público. Sua vida e de sua família precisam estar resguardadas”, afirmou o senador.
A pedido de Randolfe, a CPI solicita ao Ministério da Saúde toda a documentação sobre o processo de licitação e execução relacionado ao contrato envolvendo as vacinas da Bharat Biotech, o laboratório que produz a Covaxin. A CPI ainda está quebrando os sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático do tenente-coronel Alex Lial Marinho, ex-assessor de Logística durante a gestão do general Eduardo Pazuello na pasta.
Randolfe explicou que a CPI já possui documentação dando conta que Alex Lial “atuou fortemente para que seus funcionários superassem, de qualquer forma, os entraves junto à Anvisa que impediam a entrada da Covaxin no Brasil”.
GIGANTES DA INTERNET
Já dos representantes do Facebook, Google e Twitter os senadores querem saber por que o chefe do Executivo brasileiro ainda não foi banido dessas redes sociais ou teve o conteúdo retirado do ar no caso de postagens que contrariam as medidas sanitárias de enfrentamento à pandemia.
O requerimento de convocação foi apresentado na sexta-feira passada (18), um dia depois de Bolsonaro questionar numa live nas redes sociais medidas de combate à pandemia e insinuar que a contaminação em massa pelo coronavírus poderia ser “até mais eficaz” que a própria vacinação contra a Covid-19.
Em janeiro deste ano, Trump foi banido do Twitter e suspenso por tempo indeterminado do Facebook e do YouTube por conclamar apoiadores a irem ao Capitólio questionar o resultado das eleições.