O deputado estadual Lúdio Cabral (PT) requereu informações e documentos à Secretaria de Estado de Saúde (SES) sobre a compra de 1,4 milhão de comprimidos de ivermectina.
Segundo ele, a aquisição foi feita no montante de R$ 2,8 milhões, sendo cada comprido adquirido a R$ 2,05.
Conforme o parlamentar, o preço ficou sete vezes acima do que foi desembolsado por alguns municípios do Estado.
O deputado chegou a divulgar uma tabela comparativa de algumas aquisições feitas no Estado.
No levantamento, ele citou que a prefeitura de Cáceres fez a compra mais barata: foram 500 mil comprimidos por R$ 0,28 cada. Juína e Nortelândia compraram 10,3 mil e 1,5 mil unidades, respectivamente, e pagaram R$ 0,95 por comprimido. Alto Taquari comprou 3 mil comprimidos ao custo de R$ 1 cada, e Alta Floresta comprou 20 mil comprimidos por R$ 1,18 cada.
“O Estado precisa explicar por que pagou esse valor no mesmo momento que municípios de Mato Grosso pagaram bem menos e em quantidades bem menores desse medicamento. O que explica essa diferença? Por que o Estado pagou tão caro e comprou quatro vezes mais a um preço sete vezes maior por unidade?”, questionou.
O requerimento que pede informações a respeito da compra foi aprovado pela Assembleia Legislativa.
“Preços explodiram”
À imprensa, o governador Mauro Mendes se posicionou em relação aos fatos e negou qualquer tipo de erro ou ilegalidade na compra.
Segundo Mendes, a aquisição foi feita diretamente com o laboratório fabricante do medicamento.
Ainda segundo ele, os valores se explicam dada a situação pandêmica atravessada no País e que resultou numa alta procura por itens relativos ao combate à Covid-19.
“Compramos direto do laboratório que fabrica a ivermectina, não compramos de distribuidores, de atravessadores. E, naquele momento que nós compramos, não existia em lugar nenhum. Temos cotações que fizemos à época e tinha lá de R$ 3, R$ 4 e parece que teve município que comprou por R$ 12. Acho que vocês mesmo noticiaram isso”, disse.
“Tenho muita tranquilidade [em relação à compra]. Agora, existia um momento ali… os preços explodiram no mundo inteiro. Queria que eu falasse: ‘não compro’. Tudo subiu de preço”, emendou o governador.
Por fim, ele sugeriu que caberia ao governo federal, investigar se laboratórios ou empresas praticaram sobrepreço na pandemia.
“Se praticaram superfaturamento, o governo federal pode até abrir uma investigação contra laboratórios, empresas. O que eles justificaram à época é que houve excesso de demanda e tinham ainda problema em contratar frete aéreo para chegar no Brasil”.