O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) denunciou à Justiça o morador de Santa Maria (DF) suspeito de divulgar fotos da autópsia da cantora sertaneja Marília Mendonça e de outros cantores. André Felipe de Souza Alves Pereira, de 22 anos, pode responder pelos crimes de vilipêndio de cadáver, nazismo, racismo e xenofobia.
Além de divulgar imagens da artista e dos cantores Gabriel Diniz e Cristiano Araújo em seu perfil no Twitter, André Pereira também postou símbolos nazistas e, de acordo com o Núcleo Especial de Combate a Crimes Cibernéticos (Ncyber) do MPDFT, teria “induzido e incitado discriminação e preconceito de raça e etnia contra nordestinos”.
Segundo a denúncia, André Felipe chamou nordestinos de “escória”, disse que são a razão para os problemas do país e que deveriam ir para campos de concentração. Ainda de acordo com o MP, o suspeito fez uso de documento de identidade falso e divulgou, em postagens nas redes, publicações recordando o Massacre de Columbine, na Columbine High School, no Colorado (EUA), em 20 de abril de 1999.
Os promotores entenderam que essas postagens atentaram contra a segurança e o funcionamento das atividades escolares por incentivarem novas ameaças. “Por fim, André é denunciado por incitação ao crime e concurso material de crimes. As penas somadas podem chegar de 10 a 31 anos de prisão”, afirmou o MPDFT.
André Pereira foi preso pela Polícia Civil do DF durante a operação Fenrir, em 17 de abril. Fenrir é a divindade da mitologia nórdica relacionada ao fim do mundo.
“A operação teve como objetivo reprimir administradores de contas de redes sociais que divulgavam fotos de celebridades após a morte. Hoje [àquela data] foi cumprido mandado de busca, e o autor foi preso por vilipêndio de cadáver. Ele confessou a prática do crime e se encontra à disposição da Justiça”, informou o delegado de Repressão a Crimes Cibernéticos Eduardo Fabbro.
Fotos da necrópsia do corpo de Marília Mendonça, morta em novembro de 2021, começaram a ganhar destaque nas redes sociais no último dia 13. O advogado da família da artista anunciou que vai “tomar as devidas medidas para punir os responsáveis” e pediu aos internautas que parem de compartilhar as imagens.
No mesmo dia, a Polícia Civil abriu um procedimento administrativo para investigar o vazamento e anunciou que o sistema de armazenamento dos dados de investigações é capaz de identificar as pessoas que acessam as informações. O vazamento pode, inclusive, levar à demissão de servidores do estado de Minas Gerais.
Questionada sobre prazo para conclusão da investigação e sobre eventual envolvimento de agentes da corporação no vazamento, a Polícia Civil se limitou a dizer que “não coaduna com esses acontecimentos e assegura que a ação está sendo apurada para esclarecimentos e responsabilização dos envolvidos”.
