O ministro revisor do processo do mensalão, Ricardo Lewandowski, inocentou o ex-tesoureiro informal do PTB Emerson Palmieri dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Já o ex-deputado federal Romeu Queiroz foi condenado por corrupção e absolvido por lavagem por Levandowski.
Mais cedo, o delator do mensalão, Roberto Jefferson, também foi considerado culpado por corrupção passiva e inocente por lavagem de dinheiro. Apenas Lewandowski e o relator, Joaquim Barbosa, votaram até agora. Barbosa condenou todos os acusados.
Para Lewandowski, a acusação do MPF (Ministério Público Federal) não conseguiu comprovar a participação de Palmieri no esquema. De acordo com a denúncia, o PTB recebeu R$ 4 milhões do valerioduto como parte dos R$ 20 milhões prometidos para a legenda votar a favor do governo no Congresso Nacional.
No entendimento do revisor não há sequer comprovação que Palmieri era tesoureiro do PTB. Lewandowski também ressalta que o fato de o nome de Palmieri estar presente na lista de Marcos Valério como recebedor do mensalão não certifica sua participação no esquema. A afirmação contrariou Barbosa.
— Emerson Palmieri está na lista. Há uma lista famosa, que eu já citei várias vezes, fornecida pelo grande operador Marcos Valério, que até agora não foi desmentida. Foi confirmada por quem dava as ordens para recebimento.
Viagem
Outro ponto que gerou discordância foi a viagem que o publicitário Marcos Valério fez a Portugal ao lado de Palmieri e o advogado Rogério Tolentino. De acordo com a denúncia, Valério se apresentou como representante do PT em reunião com executivos da Portugal Telecom.
Para Lewandowski, apesar de Palmieri estar no grupo, o acusado não participou de reuniões e não tinha ligações suficientes com Valério para receber os recursos do esquema. Barbosa, então, interrompeu o voto, discordando mais uma vez do relator.
— Me parece a coisa mais esdrúxula. Saem do Brasil, três pessoas, nenhuma delas representante do Estado brasileiro, e se dirigem ao presidente de uma empresa investidora no País […]. O que nós temos que examinar sobre essa esdrúxula viagem? Qual foi a razão? Quem mandou? Qual era o objetivo? Esses fatos estão muito bem esclarecidos.
O argumento não foi suficiente para modificar o voto de Lewandowski, que reiterou a inocência de Palmieri. O revisor, no entanto, considerou que há provas suficientes para comprovar a participação de Romeu Queiroz no esquema. O réu, no entanto, foi absolvido por lavagem de dinheiro.