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Não leve uma criança para shopping cheio no Natal, ela pode acabar espancada

Fonte: Por Ângela Kempfer - Campo Grande News

A cena ficou na cabeça o fim de semana inteiro. No sábado, no estacionamento de um shopping aqui em Campo Grande, uma menina é jogada já aos berros no banco traseiro e espancada por alguém que pode ser a mãe ou madrasta. Dá para ver as mãos indo e voltando em direção da criança e também ouvir gritos.

No desespero, falo para o homem que tenta sair com o carro: “Ei, essa mulher está espancando a menina?”. Mas o casal não liga e vai embora, como se a garotinha fosse a responsável pelo constrangimento.

Anotei a placa, registrei boletim de ocorrência (incentivada pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente), descobri o nome do dito cujo, dono do veículo e membro de família tradicional da cidade. Não pensei em punir, mas em dar a oportunidade para essas pessoas pensarem naquele dia.

Antes de entrar no carro, a menina, com cerca de 5 anos, chorou por muitos metros, puxada pelo homem e xingada pela mulher com frases que deixam até adulto arrasado. Diante da agressão, surgem várias ideias sobre quem são aquelas pessoas e o inferno que deve ser a vida de uma criança ao lado de gente tão desequilibrada.

O sábado já havia rendido algumas observações interessantes sobre pais, filhos e shoppings em tempo de Natal. Normalmente, a criança quer sair correndo no meio do tumulto, tudo é motivo para parar, tocar ou pedir.

O resultado é estresse visível, de um lado ou de outro. Não há parquinho, Papai Noel ou ursinho falante que diminua a tensão. Se adulto já fica agitado, contrariado, irritado com tanto vai e vem, imagine uma criança.

Os pais, loucos para gastarem o 13º, entram em lojas e mais lojas, e querem que os danados fiquem sentadinhos, esperando até a hora de pagar a conta.

São cenas para lembrar do egoísmo, da ira, da intolerância. Vi a mãe no parquinho, fissurada na conversa de celular, enquanto o menino de 4 anos (acho) pede sem parar: “Mãe, vem jogar comigo”. Também percebi o pai levando apressado a filha na “mochila coleira”, sem perceber que a criança pedia água.

Cruzei com o menino jogado no chão, fazendo birra para ganhar alguma coisa na Praça da Alimentação. Vi a criança assustada ao cruzar com boneco da loja de celular que teimava em abraçar quem passasse pela frente. Encontrei com uma menina sentadinha, cheia de balas coloridas, comendo sem parar, enquanto a mãe experimentava sapato e justificava: “só assim para ela ficar quieta”.

Cada marmanjo encontra suas estratégias para controlar um filho. Empanturra, ignora, enche de presentes, ameaça castigo ou mete a mão.

O meu método, quando não tenho como fazer compras sozinha, é combinar com a pequena: “a gente entra em uma loja da mamãe e depois em um lugar que você escolher”. Sei lá se isso é “educativo”, mas, pelo menos, nunca acabou em pancadaria.

Até compreendo o direito dos pais perderem a cabeça diante de um filho birrento, mas isso é colher o que se planta, é exercitar a paciência. Ter filho é uma opção, não pode ser um fardo.

Nem ligo para o que diz a Lei da Palmada, ou o politicamente correto. Apenas não vejo lógica alguma na violência. Não sei como um tapa, um beliscão, um puxão de orelhas e qualquer outro tipo de “corretivo” pode ensinar quem quer que seja.

Nunca vai entrar na minha cabeça dura os efeitos de uma surra. Digo isso porque apanhei bastante, mas o método tradicional nunca mudou minha natureza danada. Pelo contrário, só aumentou a revolta diante de tudo. Enrijeceu minhas relações, encurtou meu pavio, me tornou 8 ou 80.

Limite todo mundo precisa, inclusive, os pais.

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